A Degradação do Meio Ambiente
POLUIÇÃO
O que é poluição
Dá-se
o nome de poluição a qualquer degradação (deterioração,
estrago) das condições ambientais, do habitat de uma coletividade
humana. É uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em
decorrência de mudanças ambientais. São chamados de poluentes os
agentes que provocam a poluição, como um ruído excessivo, um gás
nocivo na atmosfera, detritos que sujam os rios ou praias ou ainda um
cartaz publicitário que degrada o aspecto visual de uma paisagem.
Seria possível relacionar centenas de poluentes e os tipos de
poluição que ocasionam, mas vamos citar apenas mais dois exemplos.
Um
deles são os agrotóxicos (DDT, inseticidas, pesticidas), muito
utilizados para combater certos microrganismos e pragas, em especial
na agricultura. Ocorre que o acúmulo desses produtos acaba por
contaminar os alimentos com substâncias nocivas à saúde humana, às
vezes até cancerígenas. Outro exemplo é o das chuvas ácidas, isto
é, precipitações de água atmosférica carregada de ácido
sulfúrico e de ácido nítrico. Esses ácidos, que corroem
rapidamente a lataria dos automóveis, os metais de pontes e outras
construções, além de afetarem as plantas e ocasionarem doenças
respiratórias e da pele nas pessoas, são formados pela emissão de
dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio por parte de certas
indústrias. Esses gases, em contato com a água da atmosfera,
desencadeiam reações químicas que originam aqueles ácidos. Muitas
vezes essas chuvas ácidas vão ocorrer em locais distantes da região
poluidora, inclusive em países vizinhos, devido aos ventos que
carregam esses gases de uma área para outra.
O
problema da poluição, portanto, diz respeito à qualidade de vida
das aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do homem
provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições
ambientais são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido
biológico como no social.
A revolução industrial e a poluição.
Foi a
partir da revolução industrial que a poluição passou a constituir
um problema para a humanidade. É lógico que já existiam exemplos
de poluição anteriormente, em alguns casos até famosos (no Império
Romano, por exemplo). Mas o grau de poluição aumentou muito com a
industrialização e urbanização, e a sua escala deixou de ser
local para se tornar planetária. Isso não apenas porque a indústria
é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio
ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a
consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema
sócio-econômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo,
que tem na indústria a sua atividade econômica de vanguarda,
acarreta urbanização, com grandes concentrações humanas em
algumas cidades. A própria aglomeração urbana já é por si só
uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais,
como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os
congestionamentos de tráfego etc.
Mas o
importante realmente é que o capitalismo é um sistema econômico
voltado para a produção e acumulação constante de riquezas. E
tais riquezas nada mais são do que mercadorias, isto é, bens e
serviços produzidos - geralmente em grande escala - para a troca,
para o comércio. Praticamente tudo que existe, e tudo o que é
produzido, passa a ser mercadoria com o desenvolvimento do
capitalismo. Sociedades, indivíduos, natureza, espaço, mares,
florestas, subsolo: tudo tem de ser útil economicamente, tudo deve
ser utilizado no processo produtivo. O importante nesse processo não
é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros a curto
prazo. Assim derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências
a longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente
rotuladas de “primitivas”, porque elas são vistas como
empecilhos para essa forma de “progresso”, entendido como
acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas mãos
de alguns.
A
partir da Revolução Industrial, com o desenvolvimento do
capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de existir para
dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela
sociedade moderna. O homem deixa de viver em harmonia com a natureza
e passa a dominá-la, dando origem ao que se chama de segunda
natureza: a natureza modificada ou produzida pelo homem - como meio
urbano, por exemplo, com seus rios canalizados, solos cobertos por
asfalto, vegetação nativa completamente devastada, assim como a
fauna original da área, etc. - , que é muito diferente da primeira
natureza, a paisagem natural sem intervenção humana.
Contudo,
esse domínio da tecnologia moderna sobre o meio natural traz
conseqüências negativas para a qualidade da vida humana em seu
ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza, depende dela
para viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas
transformações, que degradam sua qualidade de vida.
A poluição das águas
Desde
os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos
cursos de água. Até a Revolução Industrial, porém, esse
procedimento não causava problemas, já que os rios, lagos e oceanos
têm considerável poder de autolimpeza, de purificação. Com a
industrialização, a situação começou a sofrer profundas
alterações. O volume de detritos despejados nas águas tornou-se
cada vez maior, superando a capacidade de purificação dos rios e
oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na água
uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou
seja, não são decompostos pela natureza. Tais elementos - por
exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes e os pesticidas -
vão se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade
de retenção de oxigênio das águas e, consequentemente,
prejudicando a vida aquática.
A água
empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termelétricas e
atomelétricas e em alguns tipos de indústrias também causa sérios
problemas de poluição. Essa água, que é lançada nos rios ainda
quente, faz aumentar a temperatura da água do rio e acaba provocando
a eliminação de algumas espécies de peixes, a proliferação
excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.
Um dos
maiores poluentes dos oceanos é o petróleo. Com o intenso tráfego
de navios petroleiros, esse tipo de poluição alcança níveis
elevadíssimos. Além dos vazamentos causados por acidente, em que
milhares de toneladas de óleo são despejados na água, os navios
soltam petróleo no mar rotineiramente, por ocasião de lavagem de
seus reservatórios.
A poluição atmosférica
A
poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de
gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas
desse fenômeno são a eliminação de resíduos por certos tipos de
e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas
de aquecimento doméstico.
O ar
poluído penetra nos pulmões, ocasionando o aparecimento de várias
doenças, em especial do aparelho respiratório, como a bronquite
crônica, a asma e até o câncer pulmonar.
Nos
grandes centros urbanos, tornam-se frequentes os dias em que a
poluição do ar atinge níveis críticos, seja pela ausência de
ventos, seja pelas inversões térmicas, que são períodos nos quais
cessam as correntes ascendentes do ar, importantes para a limpeza dos
poluentes acumulados nas camadas próximas à superfície. Além dos fatos supracitados, devido à grande quantidade de material particulado em suspensão, é favorecido a condensação da água na atmosfera, fazendo com que haja a maior ocorrência de chuvas torrenciais nas metrópoles, em relação às áreas rurais adjacentes.
A
maioria dos países capitalistas desenvolvidos já possui uma
rigorosa legislação antipoluição, que obriga certas fábricas a
terem equipamentos especiais (filtros, tratamento de resíduos, etc.)
ou a usarem processos menos poluidores. Nesses países também é
intenso o controle sobre o aquecimento doméstico a carvão, o
escapamento dos automóveis, etc. Tais procedimentos alcançam
resultados consideráveis, embora não eliminem completamente o
problema da poluição do ar. Calcula-se que a poluição do ar tenha
provocado um crescimento de teor de gás carbônico na atmosfera. Os
desmatamentos contribuem bastante para isso, pois a queima das
florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como o gás
carbônico tem a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito
estufa”, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode
ocasionar um aquecimento da superfície terrestre.
Baseados
nesse fato, alguns cientistas estabeleceram a seguinte hipótese: com
a elevação da temperatura média na superfície terrestre, que no
início do século XXI será 2ºC mais alta do que hoje, o gelo
existente nas zonas polares (calotas polares) irá se derreter.
Consequentemente, o nível do mar subirá cerca de 60 m, inundando a
maioria das cidades litorâneas de todo o mundo. Alguns pesquisadores
pensam inclusive que esse processo já começou a ocorrer a partir do
final da década de 80. Os verões da Europa e até da América têm
sido a cada ano mais quente e algumas medições constataram um
aumento pequeno, de centímetros, do nível médio do mar em algumas
áreas litorâneas. Todavia, esse fato não é ainda admitido por
grande parte dos estudiosos do assunto.
Outra
importante conseqüência da poluição atmosférica é o surgimento
e a expansão de um buraco na camada de ozônio, que se localiza na
atmosfera - camada atmosférica situada entre 20 e 80 Km de altitude.
O
ozônio é um gás que filtra os raios ultravioleta do Sol. Se esses
raios chegassem à superfície terrestre com mais intensidade
provocariam queimaduras na pele, que poderiam até causar câncer, e
destruiriam as folhas das árvores. O gás CFC - clorofluorcarbono -,
contido em sprays
de desodorantes ou inseticidas, parece ser o grande responsável pela
destruição da camada de ozônio. Por sorte, esses danos foram
causados na parte da atmosfera situada acima da Antártida. Nos
últimos anos esse buraco na camada de ozônio tem se expandido
constantemente.
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DOS GRANDES CENTROS
De modo
geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidade
que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica,
as metrópoles apresentam outros problemas graves:
-
Acúmulo de lixo e de esgotos. Boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com freqüência esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixe) e tornam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos.
-
Congestionamentos freqüentes, especialmente nas áreas em que os automóveis particulares são muito mais importantes que os transportes coletivos.
-
Poluição sonora, provocada pelo excesso de ruído. Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva.
-
Carência de áreas verdes: Em decorrência de falta de áreas verdes agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas através da fotossíntese,contribuem para a renovação do oxigênio no ar.
-
Poluição visual, ocasionada pelo grande número de cartazes publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural, etc.
Na
realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído
pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo
aí é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba
apresentando variações, modificações provocadas pela ação
humana. O próprio clima das metrópoles - o chamado clima urbano -
constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas
normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas
rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns
as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices
térmicos do ar são fáceis de entender: o asfaltamento das ruas e
avenidas, as imensas massas de concreto, a carência de áreas
verdes, a presença de grandes quantidades de gás carbônico na
atmosfera (que provoca o efeito estufa), o grande consumo de energia
devido à queima de gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc.,
nas fábricas, residências e veículos são responsáveis pelo
aumento de temperatura do ar. Já o aumento dos índices de
pluviosidade se deve principalmente à grande quantidade de
micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel de
núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de
água da atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água
das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e
obras, o que compacta o solo e aumenta sua impermeabilização. Com a compactação do solo, ocorre a obstrução da infiltração da água e, consequentemente, o escoamento superficial aumenta.
Todos
esses fatores que provocam um aumento das médias térmicas nas
metrópoles somados aos edifícios que barram ou dificultam a
penetração dos ventos e à canalização das águas - fato que
diminui o resfriamento provocado pela evaporação - conduzem à
formação de uma ilha de calor nos grandes centros urbanos. De fato,
uma grande cidade funciona quase como uma “ilha” térmica em
relação às suas vizinhanças, onde as temperaturas são
normalmente menores. Essa “ilha de calor” atinge o seu pico, o
seu grau máximo, no centro da cidade.
A
grande concentração de poluentes na atmosfera provoca também uma
diminuição da irradiação solar que chega até a superfície. Esse
fato, juntamente com a fraca intensidade dos ventos em certos
períodos, dá origem às inversões térmicas.
O
fenômeno da inversão térmica consiste no seguinte: o ar situado
próximo à superfície, que em condições normais é mais quente
que o ar situado bem acima da superfície, torna-se mais frio que o
das camadas atmosféricas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que
o ar quente, ele impede que o ar quente, localizado acima dele,
desça. Os resíduos poluidores vão então se concentrando próximo
da superfície, agravando os efeitos da poluição, obstruindo a dissipação dos poluentes. As inversões
térmicas são também provocadas pela penetração de uma frente
fria, que sempre vem por baixo da frente quente. A frente pode ficar
algum tempo estagnada no local, em um equilíbrio momentâneo que pode
durar horas ou até dias. Portanto, vale ressaltar que a inversão térmica, assim como o Efeito Estufa, é um processo natural, porém, intensificado pela ação antrópica.
Desmatamento
Entre
as principais formas de desmatamento estão as queimadas de extensas
áreas para a prática de agricultura e pecuária. A expansão dos
centros urbanos, a construção de estradas e a implantação de
grandes projetos minerais e hidrelétricos também motivam as
devastações. Outras causas importantes são a comercialização de
madeira e o extrativismo de inúmeras espécies de interesse
econômico.
Impactos
ambientais: Os desmatamentos provocam sério impacto no meio
ambiente. Sendo as florestas o ecossistema mais rico em espécies
animais e vegetais, sua destruição constitui um grave risco à
biodiversidade. A perda da cobertura vegetal causa a degradação do
solo e, em decorrência, a desertificação. O extermínio das
florestas também afeta o clima, pois elas regulam a temperatura, o
regime de vento e de chuva. A redução da camada vegetal e a
consequente diminuição da chuva levam ainda ao aquecimento da
Terra. O desmatamento e a erosão do solo nas nascentes e nas margens
dos cursos de água comprometem a rede hidrográfica, à medida que
grande quantidade de terra e areia se deposita no fundo de rios e
lagos, diminuindo sua profundidade. Esse fenômeno, conhecido como
assoreamento, aliado à escassez de vegetação nativa, que antes
absorvia a água, intensifica a incidência de enchentes.
ÁGUA:
UMA ESCASSEZ ANUNCIADA
O
volume de água na Terra está estimado em 1 trilhão e 386 bilhões
de quilômetros cúbicos (Km3),
sendo a maior parte - 97,2% desse total - formada pela água salgada
dos mares e oceanos. Algo como 1,8% da água total está estocada sob
a forma de neve ou gelo, no topo das grandes cadeias de montanhas ou
nas zonas polares. Outra porção é a água subterrânea, que
abrange cerca de 0,9% desse total, restando então a água
atmosférica (0,001%) e os rios e lagos de água doce, que ficam com
somente 0,0092% dessa água do nosso planeta.
A cada
ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente
500.000 Km3
de água se evapore, especialmente dos oceanos, embora também de
águas e rios. Essa água retorna para os continentes e ilhas, ou
para os oceanos, sob a forma de precipitações: chuva ou neve. Os
continentes e ilhas têm um saldo positivo nesse processo. Estima-se
que eles “retirem” dos oceanos perto de 40.000 Km3
por ano. É esse saldo que alimenta as nascentes dos rios, recarrega
os depósitos subterrâneos, e depois retorna aos oceanos pelo
deságüe dos rios.
O
desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em
atuar como uma grande esponja, absorvendo águas das chuvas e
liberando seus conteúdos lentamente. Na ausência de coberturas
vegetais, e com solos compactados, a tendência das chuvas é
escorrer pela superfície e escoar rapidamente pelos cursos de água,
o que traz como conseqüência as inundações, aceleração no
processo de erosão e diminuição da estabilidade dos cursos de
água, que ficam diminuídos fora do período de cheias,
comprometendo assim a agricultura e a pesca. Não falta sinal de
escassez de água doce. O nível dos lençóis freáticos baixa
constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na
agricultura, na indústria e na vida doméstica, as necessidades de
água não param de aumentar, paralelamente ao crescimento
demográfico e ao aumento nos padrões de vida, que multiplicam o uso
da água. Nos anos 50, por exemplo, a demanda de água por pessoa era
de 400 m3
por ano, em média no planeta, ao passo que hoje essa demanda já é
de 800 m3 por
indivíduo.
CRISE
AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
Desde a
década de 70 a humanidade vem tomando consciência de que existe uma
crise ambiental planetária. Não se trata apenas de poluição de
áreas isoladas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres
humanos, talvez até de toda a biosfera. O notável acúmulo de
armamentos nucleares nas décadas de 50, 60 e 70 ocasionou um sério
risco de extermínio, algo que nunca tinha sido possível
anteriormente. A multiplicação de usinas nucleares levanta o
problema do escape de radiatividade para o meio ambiente e coloca a
questão do que fazer com o perigoso lixo atômico. O acúmulo de gás
carbônico também na atmosfera representa um risco de catástrofe,
pois ocasiona o crescimento do efeito estufa, que eleva as médias
térmicas da maior parte dos climas do planeta.
Muitos
outros problemas ambientais podem ser lembrados. Um deles é a
contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde
humana, como agrotóxicos, adubos químicos, hormônios e
medicamentos aplicados comumente ao gado para que ele cresça mais
rapidamente ou não contraia doenças. Podemos acrescentar ainda a
crescente poluição dos oceanos e mares, o avanço da
desertificação, o desmatamento acelerado das últimas grandes
reservas florestais originais do planeta (Amazônia, bacia do rio
Congo e Taiga), a extinção irreversível de milhares ou até
milhões de espécies vegetais e animais, etc.
Podemos
falar numa consciência ecológica da humanidade em geral, embora com
diferente ritmos - mais avançada no Norte e mais tardia nos países
subdesenvolvidos - , que se iniciou por volta da década de 70 e
cresce a cada ano. Trata-se da consciência de estarmos todos numa
mesma “nave espacial”, o planeta Terra, o único que conhecemos
que possibilitou a existência de uma biosfera. Trata-se ainda da
consciência de que é imperativo para a própria sobrevivência da
humanidade modificar o nosso relacionamento com a natureza. A
natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso inerte e
passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte e
com o qual temos que procurar viver em harmonia.
POLÍTICA
E MEIO AMBIENTE
A crise
ambiental vem suscitando mudanças na política. Não apenas as
preocupações ecológicas cresceram enormemente nos debates e nos
programas de políticos e de partidos, como também novas propostas
surgiram. Até mais ou menos a década de 60 era o raro partido
político, em qualquer parte do mundo, que tivesse alguma preocupação
com a natureza. Hoje esse tema ganha um certo destaque nos programas,
nas promessas eleitorais, nos discursos e algumas vezes até na ação
dos diversos partidos, em muitas partes do mundo. Multiplicaram-se os
ecologistas, as organizações e os movimentos ecológicos, assim
como os partidos denominados verdes que defendem uma política
voltada basicamente para uma nova relação entre a sociedade e a
natureza.
Como
infelizmente é comum em nossa época mercantilizada, também no
movimento “verde” há muito oportunismo: às vezes a defesa do
meio ambiente resulta em promoção pessoal e mesmo em altos ganhos.
Ë o caso das empresas que visam apenas ao lucro com a venda de
produtos ditos naturais. Podemos lembrar ainda os constantes shows
musicais cuja renda se destinaria aos indígenas ou aos seringueiros
da Amazônia - que em geral até hoje nunca viram um centavo desses
milhões de dólares. Apesar de tudo isso, não se pode ignorar a
renovação que a problemática ambiental ocasionou nas ideias
políticas.
Até
alguns anos atrás falava-se em progresso ou desenvolvimento e
aparentemente todo mundo entendia e concordava. O que provocava
maiores polêmicas eram os meios para chegar a isso: para alguns o
caminho era o capitalismo, para outros o socialismo; certas pessoas
diziam que um governo democrático era melhor para se alcançar o
progresso, outras afirmavam que só um regime forte e autoritário
poderia colocar ordem na sociedade e promover o desenvolvimento. Mas
o objetivo era basicamente o mesmo: o crescimento acelerado da
economia, a construção de um número cada vez maior de estradas,
hospitais, edifícios, aeroportos e escolas, a fabricação de mais e
mais automóveis, a extensão sem fim dos campos de cultivo. A
natureza não estava em questão. O único problema de fato era a
quem esse desenvolvimento beneficiária: à maioria ou a minoria da
população.
Usando
uma imagem, podemos dizer que o progresso era um trem no qual toda a
humanidade viajava, embora alguns estivessem na frente e outros
atrás, alguns comodamente sentados e outros de pé. Para os chamados
conservadores (isto é, a “direita”), isso era natural e
inevitável: sempre existiriam os privilegiados e os desfavorecidos.
Para os denominados progressistas ( ou seja, a “esquerda”), essa
situação era intolerável e tornava necessário fazer uma
reformulação para igualar a todos. Mas todas as pessoas concordavam
com a idéia de que o trem deveria continuar no seu caminho, no rumo
do “progresso”; havia até discussões sobre a melhor forma de
fazer esse trem andar mais rapidamente.
A
grande novidade da crise ambiental é que ela suscitou a seguinte
pergunta: Para onde o trem está indo? E a resposta parece ser: Para
um abismo, para um catástrofe. De fato, ao enaltecer o progresso
durante séculos, imaginava-se que a natureza fosse infinita:
poderíamos continuar usando petróleo, ferro, manganês, carvão,
água, urânio, etc. à vontade, sem problemas. Sempre haveria um
novo espaço a ser ocupado, um novo recurso a ser descoberto e
explorado. A natureza, vista como um mero recurso para a economia,
era identificada com o universo, tido como infinito.
Mas
hoje sabemos que a natureza que permite a existência da vida e
fornece os bens que utilizamos - a natureza para os homens, afinal -
ocorre somente no planeta Terra, na superfície terrestre. E ela não
é infinita; ao contrário, possui limites que, apesar de amplos, já
começam a ser atingidos pela ação humana. Não há espaço,
atmosfera, água, ferro, petróleo, cobre, etc. para um progresso
ilimitado ou infinito. É necessário portanto repensar o modo de
vida, o consumo, a produção voltada unicamente para o lucro e sem
nenhuma preocupação com o futuro da biosfera. Essa é a grande
mensagem que o movimento ecológico trouxe para a vida política.
A
QUESTÃO AMBIENTAL DA NOVA ORDEM MUNDIAL
Mas a
problemática ambiental suscita várias controvérsias e oposições.
Os países ricos voltam suas atenções para queimadas e os
desmatamentos nas florestas tropicais, particularmente na floresta
Amazônica, a maior de todas. Já os países pobres, e em particular
os que têm grandes reservas florestais, acham natural gastar seus
recursos com o objetivo de se desenvolverem.
Nas
últimas décadas parece que o mundo ficou menor e a população
mundial cresceu de forma vertiginosa, advindo daí um maior desgaste
nos recursos naturais e, ao mesmo tempo, uma consciência de que a
natureza não é infinita ou ilimitada. Assim, o grande problema que
se coloca nos dias atuais é o de se pensar num novo tipo de
desenvolvimento, diferente daquela que ocorreu até os anos 80, que
foi baseado numa intensa utilização - e até desperdício - de
recursos naturais não renováveis. E esse problema não é meramente
nacional ou local e sim mundial.
A
BIODIVERSIDADE
Um
elemento que ganha crescente destaque dentro da questão ambiental é
a biodiversidade, ou diversidade biológica. Preservar a
biodiversidade é condição básica para manter um meio ambiente
sadio no planeta.
Além
disso, a biodiversidade é fundamental para a biotecnologia que, como
já vimos, é uma das indústrias mais promissoras na Terceira
Revolução Industrial que se desenvolve atualmente. Não podemos
esquecer a importância econômica e até medicinal de cada espécie.
A biodiversidade, assim, é também uma fonte potencial de imensas
riquezas.
OS
MOVIMENTOS ECOLÓGICOS
Nos
países desenvolvidos, que se constituem como “sociedade de
consumo”, a poluição tende a alcançar graus elevados. A cada ano
que passa as mercadorias são feitas para durarem cada vez menos,
para não diminuir nunca o ritmo de crescimento. Mas é justamente
nesses países desenvolvidos que os movimentos ecológicos, as
reivindicações populares por um ambiente melhor estão mais
avançados. Isso porque a tradição democrática nessas nações é
mais antiga e mais forte. Uma das principais formas de se avançar
com a democracia, hoje, consiste em lutar por uma melhor qualidade de
vida.
Além
disso, os cidadãos de certos países exigindo - e, em boa parte,
conseguindo - a aprovação de leis que combatam a poluição e
facilitem os processos judiciais contra empresas que poluem o
ambiente. Tudo isso leva os governos desses países desenvolvidos a
se voltarem para a questão do meio ambiente, com planos de
reurbanização de certas cidades, com a intensificação da
fiscalização sobre as empresas poluidoras e com alguns tímidos
projetos de reflorestamento ou preservação das poucas matas
originais que restam.
A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
RECURSOS NATURAIS E CONSERVACIONISMO
Constituem
recursos naturais todos os bens da natureza que o homem utiliza, como
o ar, a água e o solo. Costuma-se classificar os recursos naturais
em dois tipos principais: renováveis e não renováveis.
Os
recursos naturais renováveis são aqueles que, uma vez utilizados
pelo homem, podem ser repostos.
Os
recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam, ou
seja, que não podem ser repostos.
Essa
separação entre recursos renováveis e não renováveis é apenas
relativa. O fato de um recurso ser renovável, ou reciclável, não
significa que ele não possa ser depredado ou inutilizado: se houver
mau uso ou descuido com a conservação, o recurso poderá se perder.
Dessa forma, mesmo os recursos ditos renováveis só podem ser
utilizados a longo prazo por meio de métodos racionais, com uma
preocupação conservacionista, isto é, que evite os desperdícios e
os abusos.
Conservacionismo
ou conservação dos recursos naturais é o nome que se dá à
moderna preocupação em utilizar adequadamente os aspectos da
natureza que o homem transforma ou consome. Conservar, nessa caso,
não significa guardar e sim utilizar racionalmente. A natureza deve
ser consumida ou utilizada para atender às necessidades do presente
dos seres humanos, mas levando em conta o futuro, as novas gerações
que ainda não nasceram, mas para as quais temos a obrigação de
deixar um meio ambiente sadio.
Foi
somente a partir da degradação do meio ambiente pelo homem que
surgiu essa preocupação conservacionista. O conservacionismo
conciliar o desenvolvimento econômico com a defesa do meio ambiente,
por meio da utilização adequado dos bens fornecidos pela natureza.
O PATRIMÔNIO CULTURAL - ECOLÓGICO
Somente
a utilização racional dos recursos naturais não basta. O
conservacionismo é uma atitude necessária, mas insuficiente. Além
do uso racional da natureza, isto é, pelo maior tempo possível e
beneficiando o maior números de pessoas, é necessário também
preservá-la, resguardá-la tal como ela ainda existe em certas
áreas. Daí ter surgido a idéia de patrimônio cultural e ecológico
da humanidade. Trata-se de paisagens culturais ou obras de cultura
que possui um valor inestimável;
Com a
industrialização e a chamada vida moderna, tudo se transforma, tudo
é constantemente modificado em nome do “progresso”. As memórias
do passado e a diversidade criada pela natureza são destruídas a
cada dia.
Para
que as futuras gerações tenham uma idéia da riqueza do que foi
produzido no planeta, para que sobrevivam amostras de todos os
valores produzidos pela natureza ou pela História, é necessário
definir esses patrimônios, que são áreas consideras intocadas,
protegidas, resguardadas contra a ambição do lucro do comércio. O
estabelecimento de áreas tombadas ou protegidas pelo poder público
um avanço na defesa da natureza e das obras artísticas,
arquitetônicas ou urbanísticas importantes do passado. Sem essa
proteção, tais obras estariam condenadas à destruição para dar
lucro a alguns.
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