A Era Contemporânea


A abertura do século foi m arcada pela tomada do poder na Rússia pelos Bolcheviques e, em poucas décadas, aquele antigo estado “semi-feudal” se transformaria em um dos principais impérios do século XX, submetendo milhões de cidadãos, das mais variadas nacionalidades, etnias e religião aos seus ditames. Para compreendermos de que modo o mundo foi redesenhado por diversas vezes, a alteração do mapa geopolítico e como as forças emergentes derrotaram antigos impérios outrora sólidos, precisamos aprender um pouco a respeito dos grandes acontecimentos que marcaram esse século.
Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
O que nos causa a sensação de angústia, indignação e pavor, é percebermos o grau de brutalidade alcançado pelos seres humanos em estado de guerra. Homens assassinam homens, mulheres e crianças de modo tão banal e frio que nos fazem acreditar que a guerra é a expressão máxima de um processo de desumanização do próprio ser humano.
Infelizmente, no curso do século XX, o aperfeiçoamento da tecnologia ampliou demasiadamente a capacidade de extermínio do inimigo e a escalada das mortes por bombardeios, uso de armas químicas, biológicas, nucleares e outros tantos tipos de artefatos mortais causaram a eliminação, muitas vezes de cidades e/ou regiões inteiras. Comecemos por entender um pouco as motivações que levaram as nações europeias a se envolverem no conflito denominado de Primeira Guerra Mundial.
O Início de Tudo: A Política de Aliança.
Em 1870, a França havia sido derrotada pela recém criada Alemanha, na batalha de Sedam, e as ricas províncias  da Alsácia-Lorena ficaram em posse dos germanos. A partir desse episódio, ocorrido no século XIX, foi despertado um espírito de nacionalismo exacerbado, de revanche, o que provocaria mais tarde outra guerra, agora de grandes proporções na Europa. Ao mesmo tempo, crescia a rivalidade inglesa com relação à Alemanha. Essa rivalidade tinha suas raízes principalmente em relação ao crescimento industrial alemão, o qual ameaçava a tradicional supremacia capitalista inglesa, além das pressões feitas pelos germanos exigindo a redefinição da partilha colonial para que eles fossem incluídos como beneficiários.
Como as tensões foram se ampliando e as desconfianças mútuas cresciam entre as nações, no início do século XX, grande parte dos orçamentos dos países europeus já era destinado à produção de artefatos de guerra, o que transformou aquele continente num grande campo militar, espécie de barril de pólvora, tornando esse período conhecido como Paz Armada. A Alemanha, desde a sua unificação, estabeleceu a sua política externa voltada para o isolamento da França, criando um sistema internacional de alianças político-militar que impedisse o revanchismo e a reação francesa.
Embora a deflagração da guerra tenha ocorrido em 1914, todo o cenário começou a ser montado bem antes da sua eclosão. Ainda em 1873, foi instaurada a Liga dos Três Imperadores, da qual faziam parte a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Rússia. Entretanto, as divergências entre a Rússia e a Áustria com relação à região dos Bálcãs, ocasionadas pelo fato da Rússia apoiar as minorias eslavas da região, desejosas de independência, acabou com essa aliança em 1878. Em 1882, o Segundo Reich, por sua vez, firmou a Tríplice Aliança, unindo-se ao império Austro-Húngaro e à Itália, sendo que este último país encontrava-se em atrito com a França devido à anexação da Tunísia, uma colônia africana.  
Na última década do século XIX, a França conseguira sair do isolamento internacional fixando um pacto militar com a Rússia Kzarista em 1894. Já no início do século XX, a Inglaterra aproximou-se da França formando, em 1904, a Entente Cordiale, a qual unia os interesses comuns das duas nações no plano internacional. A partir de então as antigas rivalidades franco-inglesas foram esquecidas para que os dois países lutassem contra um inimigo em comum: o sucesso econômico da Alemanha, sua expansão colonial e seu exaltado nacionalismo.
Por sua vez, em 1907, a Rússia aliou-se à França e à Inglaterra, formando a Tríplice Entente. Nesse período passaram a existir na Europa dois grandes blocos opostos: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, esses dois blocos fomentaram a tensão que levou os países europeus aos preparativos armamentistas.
Em meio a esses dois blocos, a Itália, país tardiamente formado, ocupava uma posição singular, pois era membro da Tríplice Aliança embora cultivasse sérios conflitos com o Império Austro-Húngaro na disputa de regiões da parte sul do Tirol e da Ístria. Em função disso, a Itália assumiu um comportamento dúbio na política internacional, assinando acordos secretos de não agressão com a Rússia e com a França, países do bloco rival, a Tríplice Entente.
A Questão Marroquina (1904)
Fazendo parte do processo de disputa colonial, a Questão Marroquina resultou num acordo entre França e Inglaterra que excluiu a Alemanha e sepultou a Convenção de Madri, datada de 1880. Tal Convenção havia estabelecido direitos de exploração da região do Marrocos aos alemães. Porém, o acordo franco-britânico de 1904, fora um declarado apoio Francês aos interesses ingleses no Egito e, em contrapartida, recebera o respaldo britânico para a sua dominação no Marrocos. Em outros termos, um golpe de misericórdia nos alemães que precisavam desesperadamente de colônias para a exploração de matérias-primas visando o desenvolvimento da sua nascente indústria.
Em 1906, na Conferência de Algeciras, foram reconhecidos os interesses franceses e garantiram também aos alemães, parte do Marrocos. Novas crises, porém, ocorreram no Marrocos: em 1908, em Casablanca, e em 1911, em Agadir. Essas inquietações só vieram a ser, aparentemente, solucionadas pela transferência do Congo Francês à Alemanha, que, em troca, renunciaria suas pretensões sobre o Marrocos.
Mesmo assim permaneceu o descontentamento de ambos os lados, pois os alemães consideraram pequena a compensação recebida e os franceses sentiram-se inconformados por cederem uma importante área colonial.
A Questão Balcânica
A disputa pelos Bálcãs (região entre os mares Negros e Adriático) iniciou-se no final do século XIX com o desmembramento do Império Turco-Otomano que estava em rápida dissolução. A intervenção imperialista internacional na região e as lutas nacionalistas dos diversos povos que faziam parte do Império originaram diversas crises locais e internacionais.
A Rússia defendia o pan-eslavismo, pretendendo unificar os eslavos balcânicos, libertando-os do Império Turco. Com essa política, a Rússia tinha a intenção de dominar a região do mar Negro ao mar Egeu, passando pelos Bálcãs, apresentando-se como a incentivadora da independência das minorias nacionais.
No entanto, os russos encontraram forte resistência do Império Austro-Húngaro - protetor do Império Turco -, e da Alemanha, que tinha um projeto de construir a estrada de ferro Berlim-Bagdá, barrando a descida da Rússia para o sul, pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos, pertencentes ao Império Turco. A construção da estrada de ferro permitiria à Alemanha o acesso às áreas petrolíferas do Golfo Pérsico, ameaçando a hegemonia da Inglaterra nessa região.
Quando afloraram os sentimentos étnicos e a crescente tensão entre as potências imperialistas na região, a Sérvia liderou o movimento pan-eslavista balcânico, buscando a independência do domínio turco e idealizando a construção da Grande Sérvia. No entanto, quando em 1908 a Áustria anexou às regiões eslavas da Bósnia e Herzegovina, tomadas do Império Turco, o ideal de unificação eslava tornou-se mais distante, pois seria necessário lutar tanto contra o Império Turco, como contra o Império Austro-Húngaro. Nos anos seguintes, a inquieta Sérvia promoveria diversas agitações de cunho nacionalista. Começava, nesse momento, um jogo num tabuleiro de xadrez altamente explosivo, onde as peças se moviam com muita astúcia.
O atentado de Sarajevo
Em 1912, uma união de países balcânicos organizou a luta contra o arruinado Império Turco. Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia, países independentes, acabaram se desentendendo quanto à questão da divisão dos territórios. Em 1913, a Bulgária apoiada pela Áustria, atacou a Sérvia, mas foi derrotada pela coligação desta com Montenegro, Romênia e Grécia. Enquanto isso, os povos da Bósnia e Herzegovina aproveitavam-se da situação e rebelavam-se, buscando a independência, com incentivo da Sérvia. Faltava apenas um pretexto para a deflagração do conflito generalizado. E ele não demorou a aparecer. 
Em 1914, o herdeiro do trono Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, buscando acalmar os ânimos da região, viajou a Sarajevo, capital da Bósnia, para anunciar a formação de uma monarquia tríplice (Austro-Húngara-Eslava), elevando teoricamente a Bósnia e a Herzegovina ao mesmo nível de importância da Áustria. Pretendendo impedir o projeto austríaco, os sérvios planejaram através da organização secreta Mão Negra, um atentado. Em 28 de junho de 1914, o estudante sérvio Gravilo Princip matou a tiros Francisco Ferdinando e sua esposa. Em represália, o Império Austro-Húngaro deu um ultimato á Sérvia, exigindo a eliminação de todas as organizações nacionalistas locais, frustrando uma solução pacifica para o impasse criado com o assassinato.
Em 1° de agosto de 1914, a Áustria declarou guerra à Sérvia. Imediatamente, a Rússia posicionou-se favorável a Sérvia. A partir de então, o sistema de alianças foi ativado, resultando na entrada da Alemanha, França e Inglaterra no conflito, que rapidamente se generalizou. Exatamente um mês depois, os grandes exércitos marchavam para a guerra.
O Início do Conflito
A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências do mundo, impondo o recrutamento obrigatório em cada nação, não só para o exército como também para a produção, resultando numa completa mobilização econômica e militar. Objetivando vencer a Guerra, cada estado assumiu a administração de sua própria economia e todos os cidadãos tornaram-se soldados. A 1ª Guerra demonstrou que o mundo possuía uma capacidade bélica até então inimaginável. Duas poderosas e engenhosas armas mortíferas foram intensamente utilizadas no decorrer do conflito: os famosos tanques e os submarinos.
A Primeira Guerra Mundial apresentou duas grandes fases: em 1914 houve a guerra de movimento e, de 1915 em diante, a guerra de trincheiras. A primeira fase estava relacionada ao Plano Schlieffen, estratégia alemã elaborada em 1905 que previa a guerra em duas frentes, concentrando todo esforço bélico, primeiramente no Ocidente e depois no Oriente, sem dividir-se. Começaria com uma rápida ofensiva esmagadora contra a França, derrotando-a. Em seguida, o grosso das operações militares seria realizado na frente oriental, contra a Rússia, acreditando-se numa vitória em poucos meses.
Na ofensiva ocidental, os alemães invadiram a França, atravessando o território belga, o que violou a sua neutralidade. Esse foi o pretexto para a Inglaterra declarar guerra à Alemanha. Mesmo assim, os exércitos alemães marcharam em direção a Paris, surpreendendo as tropas francesas. Mas, uma ofensiva russa, na frente ocidental, obrigou o general alemão Moltke a uma divisão de forças.
Esse fato salvou a França do cruel ataque alemão na Batalha de Marne. Com o fracasso do plano Schlieffen, terminava a guerra de movimento e iniciando a guerra de posição ou de trincheiras.

Ao mesmo tempo, outras nações ingressavam no conflito.
Ao lado da Entente: Japão (1914), Itália (1915), Romênia (1916) e Grécia (1917). Ao lado dos impérios centrais (Alemanha e Áutria-Hungria) colocaram-se a Turquia (1914) e a Bulgária (1915).
CURIOSIDADE:
Você sabia que o Canário da Alemanha teve grande utilidade na guerra de Trincheira? Pois é, durante a Primeira Guerra Mundial, uma das formas mais letais de eliminar o inimigo entrincheirado era canalizar o gás, por meio da tubulação por baixo da terra, para envenená-los no outro lado do front. Pensando em evitar a morte dos seus soldados, os oficiais alemães começaram a colocar canários da Alemanha engaiolados nas trincheiras com o objetivo de detectar a introdução do gás no ambiente. Como os pássaros são mais sensíveis e morrem primeiro que o homem após inalar o gás, ao ficarem de pernas para o ar era o sinal de que o inimigo estava injetando o elemento químico venenoso e dava tempo para que os soldados saíssem das trincheiras rapidamente.
Enquanto na frente ocidental entrava na fase das trincheiras, com cada país defendendo palmo a palmo seu território conquistado, na frente oriental ocorria uma sequência de grandes vitórias alemãs.
A Rússia, país dos mais atrasados, mal equipado e com o moral das suas forças em baixa, sofreu várias derrotas, o que acelerou a queda da autocracia czarista, culminado na Revolução de 1917, a qual implantaria um governo dito “socialista”. Com o novo governo foi realizado um acordo de paz em separado, o Tratado de Brest-Ltovski, de 1918, oficializando a saída da Rússia do conflito armado.
Em 1917, a Itália sofreu uma grande derrota frente aos austríacos, sendo neutralizada. Com dois inimigos fora da guerra as potências centrais passaram a se preocupar com a frente ocidental franco-inglesa e a Alemanha intensificou o bloqueio marítimo à Inglaterra, objetivando deter seus movimentos e o abastecimento que chegava do continente.
Os Estados Unidos, até então estavam neutros no conflito, embora ligados a Entente seu papel inicial era abastecer os países europeus com alimentos e armas, mas se sentiam ameaçados pela agressiva marinha alemã. O afundamento de duas embarcações norte-americanas serviu de pretexto para os Estados Unidos declararem guerra às potências centrais. A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, com seu imenso potencial industrial e humano reforçou o bloco dos aliados. A farta oferta de novas armas: tanques, navios e aviões de guerra dinamizaram os conflitos, e levou a sucessivas derrotas alemãs.
Com a superioridade econômico-militar dos aliados, as potências centrais foram sendo derrotadas. Na Alemanha foi instituído um novo governo social-democrata, governo esse que assinou em 1918, o Armistício de Compiegne, finalizando a Primeira Guerra Mundial.
Os tratados de paz
Em janeiro de 1919, os vitoriosos reuniram-se no Palácio de Versalhes, na França, para as decisões do pós-guerra. A Paz de Versalhes foi presidida pelo presidente Thomas Wilson, dos Estados Unidos, Lloyd George, da Inglaterra, e Clemeceau, da França. Dentre outras coisas, o Tratado de Versalhes considerou a Alemanha culpada pela guerra, criando uma série de determinações que visavam enfraquecer e desmilitarizar a nação de Bismarck. Entre outras determinações ficou estabelecida a devolução da Alsácia-Lorena à França e o acesso da Polônia ao mar por uma faixa de terra dentro da Alemanha que desembocava no porto livre de Dantzing. A Alemanha perdia todas as suas colônias; a artilharia e a aviação e passava a ter um exército limitado a cem mil homens, além da proibição de construir navios de guerra. A Alemanha também foi obrigada a indenizar as potências aliadas pelos danos causados a elas. Calcula-se que o valor total da indenização foi de aproximadamente trinta bilhões de dólares; valor que foi sendo negociado nos 20 anos seguintes, até ser extinto em 1932, na Conferência Internacional de Lausane.
O Tratado de Versalhes também oficializou a Liga das Nações, no início sem a participação da Alemanha e da Rússia, cuja função seria a de um fórum internacional que garantisse a paz mundial. A Liga nasceu praticamente falida, uma vez que o próprio país que a idealizou e se transformara na maior potência mundial, os Estados Unidos, dela não participou por discordar de muitas decisões do Tratado de Versalhes, preferindo assinar com a Alemanha um acordo de paz em separado.
No mesmo ano, os aliados assinaram com a Áustria o Tratado de Saint-Germ. Esse tratado desmembrou o império Austro-Húngaro, retirando a saída para o mar da Áustria e forçando-a a reconhecer a independência da Polônia, da Tchecoslováquia, da Hungria e da Iugoslávia. Com a Hungria foi assinado o Tratado de Trianon, com a Bulgária o Tratado de Neuilly e com a Turquia o Tratado de Sévres, este ultimo foi reforçado por outro tratado em 1923, o Tratado de Lausanne, formulado devido à reação turca às imposições de Sévres.
Principais consequências da Guerra:
A redefinição do mapa geopolítico da Europa.
A neurose e a angústia coletivas provocadas nas populações dos países envolvidos.
Queda demográfica na Europa.
Ascensão dos Estados Unidos como grande potência mundial no Pós-Guerra.
Crise dos antigos impérios coloniais, uma vez que a Europa foi o palco onde se desenrolou o conflito e teve grande parte dos seus parques industriais destruídos.
Corrida armamentista desenfreada e crise do capitalismo.
Ascensão de regimes de caráter totalitários.
Os tratados de paz impostos aos derrotados, especialmente o de Versalhes, semearam o espírito de revanche e descontentamento que iria desembocar, vinte anos mais tarde na Segunda Guerra Mundial.
A CRISE DE 1929 E O PERÍODO ENTRE GUERRAS
Terminada a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos se transformaram na maior economia mundial, passando a produzir mais de um terço de todo artefato industrial do mundo e, em 1929, passaram a mais de 42% de toda produção mundial. A prosperidade econômica, o boom econômico, apresentava contradições que aguçavam crescentemente, levando a uma profunda crise, que se espalhou para o restante do mundo. A crise de 1929 foi diferente de todas as crises ocorridas anteriormente, pelas profundas transformações que provocou e pelas proporções mundiais que assumiu: falências, desemprego, fome e a miséria de milhões de pessoas, reformulações políticas e econômicas que mudaram a face do mundo.
Antecedentes da crise:
Após o governo do democrata Thomas Wilson, os presidentes norte-americanos seguintes, até 1932, Warren Harding, Calvin Coolidge e Herbert Hoover, foram todos republicanos, fiéis defensores do isolacionismo e do liberalismo econômico.
O predomínio dos republicanos amparava-se na Doutrina Monroe: “A América para os americanos” e, consequentemente desdobrava-se em “A Europa para os europeus”. Buscando abdicar de um engajamento total nos assuntos internacionais, os Estados Unidos não validaram o Tratado de Versalhes e decidiram não participar da Liga das Nações. Obedecendo ao binômio dos republicanos: isolacionismo e liberalismo, os presidentes norte-americanos de 1920 a 1932 assistiram a uma evolução econômica em direção ao caos. Para eles, os problemas econômicos seriam superados naturalmente, pois o mercado possuiria uma tendência por si mesmo para a racionalidade, não cabendo ao Estado intrometer-se na ordem econômica.
A desigualdade na distribuição da renda acentuou-se, pois, para a maioria da população, o salário continuou estável, impossibilitando um aumento de consumo que era incompatível com o crescimento da produção. Apenas uma elite da população que correspondia a 5% detinha a um terço da renda pessoal dos Estados Unidos. Assim, a produção do país não conseguia ser consumida internamente, o que gerou numa grande estocagem de mercadorias.
Ao mesmo tempo, a intensa atividade econômica deu impulso à especulação financeira, através da compra e venda de ações de grandes empresas na Bolsa de Valores de Nova York. Em meados de 1929, quadruplicou o valor das ações e diversos investidores foram atraídos cada vez mais pela Bolsa, pela especulação, numa espiral crescente.
O aumento do número de investidores e do volume de investimentos em títulos na bolsa possuía um limite físico. O mercado interno limitado, o externo arrasado pela Primeira Guerra, os países europeus buscavam recuperar-se autonomamente, acompanhada de um subconsumo, levou a especulação financeira a atingir seu limite suportável. A crise eclodiu em 24 de outubro de 1929 (Quarta-feira Negra), quando uma grande venda de ações não encontrou compradores. Os investidores, assustados, tentaram livra-se dos papéis “podres”, dando origem a uma grande oferta de ações, o que gerou a redução do preço das mesmas, arruinado a todos aqueles que possuíam investimentos na bolsa. Esse fenômeno ficou conhecido como efeito dominó, pois as ações foram caindo uma a uma como se uma imensa serpentina de dominó fosse desabando pedra por pedra após um sutil toque na primeira da fila. A crise de 1929 abalou todo o mundo, exceto a União Soviética, que se encontrava fechada em si mesma e onde estavam sendo aplicados os planos quinquenais elaborados pelo governo de Stalin. A difusão da crise contou com dois elementos básicos: redução das importações norte-americanas, que afetou duramente os países que dependiam de seu mercado (o café brasileiro é um exemplo), e o repatriamento de capitais norte-americanos investidos em outros países. Por dependerem do capital ou das importações norte-americanas, a maioria dos países passou a viver agitações políticas e o caos social. Além disso, a concretização da Revolução Russa trazia receio aos governos europeus do alastramento do regime “socialista” por toda a Europa. Assim, cada país buscou soluções peculiares, quase sempre com respaldo de governos de direita de caráter Nazifascista.
O New Deal
Devido á crise econômica, em 1932, os republicanos foram vencidos nas eleições nacionais pelos democratas. Franklin Roosevelt foi então eleito presidente dos Estados Unidos, e uma das suas primeiras providências foram acabar com o liberalismo econômico, intervindo na economia, através do New Deal, plano elaborado por um grupo de renomados economistas: o Brain Trust, que se baseava nas teorias de John Maynard Keynes.
Para Keynes, as raízes da Depressão encontravam-se em uma demanda privada inadequada. Para criar a demanda, as pessoas deviam obter meios para gastar. Uma conclusão daí decorrente é que os salários de desemprego não deveriam ser considerados simplesmente como débito do orçamento, mas um meio por intermédio do qual a demanda poderia aumentar e estimulara oferta. Além do mais, uma demanda reduzida significava que não haveria investimento suficiente para produzir a quantidade de mercadorias necessárias para assegurar o pleno emprego. Os governos deveriam, por tanto, encorajar mais investimentos, abaixando as taxas de juros (uma política de dinheiro barato), bem como criar um extenso programa de obras públicas, que proporcionaria emprego e geraria uma demanda maior de produtos industriais.”(BROGAN, Hugh. ”O New Deal”. In: Século XX, p. 1607.)

Com a New Deal, o liberalismo cedeu lugar ao neocapitalismo, que buscava um planejamento econômico baseado na intervenção do estado na economia. Rossevelt determinou grandes emissões monetárias, inflacionando deliberadamente o sistema; fez investimentos estatais importantes, como construções de hidrelétricas; estimulou uma política de empregos, entre outras medidas que impulsionaram o consumo e possibilitaram a progressiva recuperação econômica.
Enquanto isso, na Europa, as repercussões da Primeira Guerra Mundial ainda agitavam os menos afortunados e traziam resultados nefastos para a maioria dos países daquele continente. A recuperação econômica parecia distante e a instabilidade política possibilitava o crescimento dos partidos de esquerda, principalmente os Partidos Comunistas com forte influência dos ideais da Revolução de 1917 na Rússia. Em países como Espanha, Alemanha, Itália, França, Portugal e outros tantos, células dos PCs estavam se articulando e se preparando para uma possível conquista do poder e uma adesão ao bloco socialista liderado pela URSS.
Foram justamente o temor do crescente movimento de esquerda na Europa, a instabilidade econômica e a incerteza do futuro as razões que levariam os setores de extrema direita a optar por apoiar grupos minoritários e belicosos que tinham como principais inimigos justamente os membros dos partidos comunistas. Por Toda a Europa a ascensão de partidos de extrema direita, defendendo uma política de limpeza étnica, de perseguição a militantes de esquerda, a elevação do Estado à condição de entidade suprema e incontestável, tornaram-se as principais bandeiras defendidas por esses setores. O resultado disso foi a emergência de dois fenômenos que marcariam para sempre a História da humanidade pelo seu caráter extremamente cruel e perverso: o Nazismo e o Fascismo.
O totalitarismo Nazifascista.
Durante o final da Primeira Guerra Mundial e início da Segunda, estruturou-se na Europa um movimento essencialmente nacionalista, antidemocrático, anti-operário, antiliberal e anti-socialista. Esse fenômeno político ficou conhecido como Nazifascismo. 
O nazismo teve origem na Alemanha, e foi fundamentado teoricamente no livro Mein Kampf (Minha Luta), obra escrita pelo ex-cabo da Primeira Guerra Mundial, Adolf Hitler, em 1923, quando estava encarcerado por tentativa de golpe de estado. Essa obra transformou-se, dez anos mais tarde, em seu programa de governo, em 1933, quando assumiu o comando alemão. Na Itália, Benito Mussolini, que ocupou o governo italiano a partir de 1922, estruturou o fascismo. Em outros países, formas peculiares de totalitarismo também foram adotadas, como o franquismo na Espanha e o salazarismo em Portugal.
Essas novas formas de governo eram maneiras de fortalecer o Estado intervencionista e representaram uma reação nacionalista às frustrações causadas pela Primeira Guerra Mundial, além de atender às aspirações de uma burguesia amedrontada, promovendo a estabilidade social, política e econômica diante das ameaças revolucionárias ensaiadas pelas esquerdas daqueles países.
A doutrina nazifascista se destacava basicamente nos seguintes pontos:
Totalitarismo – assentava-se no princípio de que “nada deve existir acima do Estado ou contra o Estado”. O Partido Fascista ou Nazista representava o Estado e confundia-se com ele, formando a síntese das aspirações nacionais.
Nacionalismo – defesa incondicional de que tudo deveria ser feito em nome da nação, pois esta representava a entidade mais alta, mais aperfeiçoada da sociedade.
Idealismo – acreditava-se que pelo instinto e anseios se poderia transformar qualquer coisa que desejasse.
Romantismo – negava-se que a razão pudesse solucionar os problemas nacionais, defendendo-se, ao contrário, que somente a fé, o auto-sacrifício, o heroísmo e a força o conseguiriam. Daí a natureza dos mitos que surgiram como “salvadores da pátria”, vistos como “verdadeiras entidades superiores”.
Autoritarismo – via-se a autoridade do líder, do chefe – o Duce e/ou o Führer -, como figuras incontestáveis; por isso todos deveriam segui-los cegamente. As nações precisavam de trabalho e prosperidade e não de liberdade, de democracia ou de reivindicações, segundo aquelas doutrinas.
Militarismo – acreditava-se que “a guerra regenera”, a “luta é tudo”, “a expansão salva”.
Anticomunismo – ambos os regimes culpavam os comunistas pelo caos reinante e pelo colapso nacional. Por isso era necessário eliminá-los. 
No caso alemão havia ainda o anti-semitismo. A perseguição racista aos judeus se justificava pela afirmação de que na Primeira Guerra Mundial os alemães haviam sido traídos pelos judeus marxistas, motivo de sua derrota. Além disso, segundo a retórica nazista, os judeus ameaçavam a edificação da grande raça ariana (alemã). Para Hitler, o judeu além de ameaçar a depuração do alemão ariano, era visto como antinacional (por sua história), imoral e marxista. Assim, a ideia fundamental do nazismo era expressa na frase: Ein VolK, ein Reich, ein Führer (um povo, uma nação, um chefe). A repetição maciça dessa mentira deu a ela forma de verdade. Para tanto, um dos principais instrumentos para a difusão desse ideal foi a propaganda cinematográfica e jornalística. 
Um indivíduo conhecido como o mestre da propaganda Nazista daria formato e estética a esses dois veículos de comunicação para convencer a maior parte da população do “perigo” que os judeus ofereciam. Quem foi ele? Josef Goebbels.
O Cérebro do Reich
Arquiteto da imagem messiânica de Hitler, Josef Goebbels direciona seu talento para apolítica expansionista e anti-semita do Führer- Mestre da propaganda arrebanha o apoio da população para nova batalha na Europa
Goebbels foi um verdadeiro mestre em seu ofício. Foi ele o responsável pela frente de propaganda das sucessivas campanhas eleitorais que acabaram por conduzir Hitler ao cargo de chanceler. Foi ele quem cunhou e tornou compulsória a saudação Heil Hitler - “Ave Hitler”, ou “Vida longa a Hitler” - entre os integrantes do partido nazista. E é ele que, com controle total sobre rádio, televisão, imprensa, cinema e teatro, consegue conquistar o apoio maciço da população às decisões de Hitler - quaisquer que fossem elas.
Ratos e baratas - De forma peculiar e engenhosa, Josef Goebbels conseguiu transformar o trauma da derrota na Grande Guerra em um aditivo para a política expansionista nazista. “Chegou a hora de nosso país exigir seu direito histórico na Europa. O elevado destino da raça superior se aproxima. O povo tem de desejar sacrificar-se pela glória do Reich. Qualquer conforto deve ceder lugar à necessidade de armas”, afirmou ele. Alinhado com a política anti-semita de Hitler, também propalava os efeitos nocivos da presença dos judeus na Alemanha - em alguns casos, conclamava a população a agir contra estes. Não custa lembrar que foi ele o mentor intelectual da Kristallnacht, a infame “Noite dos Cristais”, em novembro do ano 1939, quando a população, para retaliar o atentado cometido por um jovem judeu a um diplomata alemão, foi convocada a destruir sinagogas, lojas e casas da comunidade judaica. O resultado: 90 judeus assassinados e mais de 20.000 presos e enviados para campos de concentração. “Bravo, bravo”, celebrou o ministro - que em suas propagandas refere-se aos judeus como “ratos” ou “baratas” -, ao tomar conhecimento do desfecho do levante. Brilhante escritor, orador hipnótico, Goebbels, nascido em berço católico na cidade de Rheydt, em 1897, incluiu o Führer como um vértice extra em sua Santíssima Trindade. Sua fidelidade a Hitler é canina. Passagens dos diários de Goebbels revelam uma admiração transcendental pelo líder: “Ele é um gênio. O instrumento natural e criativo de um destino determinado por Deus. Ele é como uma criança: gentil, bondosa, piedosa. Como um gato: astuto, esperto, ágil. Como um leão: gigante e imponente”. Mas que ninguém se engane com essas comparações pueris: Goebbels é, mais do que ninguém, uma fera a serviço do Reich. Na Polônia, suas transmissões de rádio e técnicas de guerra subversiva - incluindo ameaças de uma quinta coluna pronta a atacar em território invadido - ajudaram a minar as resistências do inimigo.

O Regime Italiano:
O corporativismo constituía a peculiaridade do regime totalitário italiano. O povo, produtor de riquezas, organizava-se em corporações sindicais que governavam o país através do Partido Fascista, que era a encarnação do próprio Estado. Diferentemente da esquerda, o Fascismo negava a existência de classes em oposição na estrutura social (lutas de classes) e o Estado corporativo deveria buscar a harmonização dos interesses conflitantes entre o capital e o trabalho dentro dos quadros das corporações.
Histórico do Fascismo italiano
Em 1919, em Milão, Mussolini fundou o Partido Fascista italiano e formou a milícia armada conhecida como Camisas Negras (os Squadres). Os fascistas atacavam seus adversários, especialmente os comunistas, quando estes realizavam comícios. Com isso, os fascistas ganharam rapidamente o apoio da elite e de uma classe média atordoada, expandindo seu prestígio por todo país. Entre as razões, que propiciaram a ascensão fascista na Itália, destaca-se a então crise política e econômica, bem como os efeitos desmoralizantes sofridos pelo país com a Primeira Guerra: perdas financeiras enormes, mais de setecentos mil mortos e quase nenhum ganho territorial.
O caos econômico causado pela inflação, pelo alto índice de desemprego e pela paralisação de diversos setores produtivos levou a agitações políticas revolucionárias das esquerdas, sucedendo-se greves e invasões de fábricas e de terras. O governo parlamentar, composto pelo Partido Socialista e pelo Partido Popular, não chegava a um acordo nas grandes questões políticas, gerando impasses e impopularidade. Nesse quadro de instabilidade, as elites passaram a respaldar a ação dos squadres e os fascistas elegeram o maior número de representantes no Parlamento, em 1921. Era o início da ascensão  do grande monstro que aterrorizaria a Itália e a levaria à Guerra.
Em 1922, cinquenta mil squadres, oriundos de todas as partes da Itália, marcham para Roma exigindo o poder. O rei Vítor Emanuel III cedeu à pressão e Mussolini passou a organizar o gabinete governamental, no cargo de Primeiro Ministro.
Em 1924, por meio de eleições fraudulentas, os fascistas ganharam maioria parlamentar. A oposição, liderada pelo deputado socialista Matteotti, denunciou as irregularidades eleitorais, mas foi sufocada pelo terror e pela repressão, que culminaram no rapto e assassinato de Matteotti pelos Camisas Negras.
Em 1925, Mussolini tornou-se Duce, o condutor supremo da Itália, e com respaldo da Confederação Geral da Indústria, da Ovra (polícia política fascista) e do Tribunal Especial, concretizou o Estado totalitário fascista, eliminando os principais focos oposicionistas. Suprimiu a imprensa oposicionista e cassou licenças de todos os advogados antifascistas.
Em 1929, Mussolini ganhou apoio do clero ao assinar o Tratado de Latrão, que solucionava a antiga Questão Romana. Indicando a conciliação entre Igreja e Estado, o papa Pio XI reconhecia o Estado Italiano e Mussolini, a soberania do Vaticano, composto pelo Palácio do Vaticano, a Igreja de São Pedro e o Palácio de verão de Castel Gandolfo. O catolicismo foi transformado em religião oficial. Desse modo, a Itália, sob o controle do Duce, se armava e se preparava para a Guerra contra aqueles considerados inimigos da nação.
O nazismo alemão
As razões que contribuíram para o sucesso nazista na Alemanha são semelhantes às do fascismo na Itália, agravadas pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra e pela humilhação decorrente do Tratado de Versalhes. Com o final da guerra, o regime dos Kaisers alemães foi substituído pela República de Weimar (1918-1933), que já surgiu marcada pela derrota, pela humilhação e pela crise socioeconômica. Além das dificuldades impostas pelo Tratado de Versalhes, a Alemanha teve que pagar uma enorme indenização à França e a seus aliados. Essas condições levaram o país Germânico a uma situação de grande dificuldade econômica e de incertezas quanto ao seu futuro.
Em 1923, a República de Weimar decidiu suspender os pagamentos indenizatórios, resultando na invasão francesa sobre o vale do Ruhr, como represália. Os trabalhadores alemães desta região entraram em greve, negando-se a trabalhar para os franceses, o que obrigou o governo alemão a não abandoná-los. Além disso, o governo alemão ampliou a emissão de moedas para custear a posição dos trabalhadores daquela região. Ao mesmo tempo em que reacendia o revanchismo crescia o espírito nacionalista alemão. 
Antes desse episódio, em 1919, na cidade de Munique, foi fundado o Partido Totalitário, formação partidária moldada nos fundamentos do Partido Fascista italiano. Logo depois, o partido adotou o nome de Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, uma falsa ilusão para atrair a simpatia dos operários, já que no fundo as bases dessa agremiação eram completamente adversas aos ideais do socialismo. Com forte apelo ao sentimento nacionalista e diante das dificuldades do pós-guerra, o novo partido ganhou crescentes adeptos. Para intimidar os opositores, os nazistas atuavam com uma polícia paramilitar, denominada Seções de Assalto (SA) – os “Camisas Pardas”.
Em novembro de 1923, diante do agravamento da situação socioeconômica e de ineficiência da República de Weimar, Hitler e seus seguidores tentaram um golpe, visando assumir o poder. Todos foram presos, mas ganharam ampla publicidade em todo o país. O Putsch de Munique, como ficou conhecido o golpe, pareceu o fim do Partido Nazista. Foi, no entanto, apenas um recuo momentâneo na escalada nazista propícia para a sua ascensão definitiva.
Na prisão, Hitler escreveu Mein Kampf, obra em que desenvolveu os fundamentos do nazismo: a ideia, pseudocientífica, defendia a tese da suposta existência da raça ariana, a qual seria descendente de um grupo indo-europeu mais puro.
De 1923 a 1929, o nazismo não teve presença expressiva na disputa eleitoral, até que a quebra da Bolsa de Nova York abalou o mundo e consequentemente a combalida economia Alemã. Com a crise surgiram seis milhões de desempregados, dando lugar para atuação dos grupos políticos de esquerda, especialmente os comunistas, amedrontando a elite e a classe média alemã. Essas classes sociais viram na proposta nazista a salvação nacional a despeito dos projetos dos comunistas.
A partir daí as tropas da SA passaram a agir livremente e a popularidade nazista se impôs. Em 1932, o presidente Hindenburg ofereceu a Hitler a chancelaria, o comando do Estado. Elevado ao poder, Hitler visou inicialmente eliminar a forte oposição, especialmente a dos políticos de esquerda. Para tanto, organizou uma farsa: provocou um incêndio que destruiu o prédio do Parlamento e acusou os comunistas de planejarem um golpe já em andamento. Isso lhe permitiu a instalação de uma ditadura totalitária sem precedentes. Os deputados e lideres das esquerdas foram presos e levados para os campos de concentração, prisões de extermínio de opositores, de judeus e mais tarde de prisioneiros de guerra.
Hitler organizou outras forças paramilitares, além das SA para dar-lhe sustentação: as Seções de Segurança (SS), a polícia política do partido mais bem treinada, completamente disciplinada e fiel a Führer, e a Gestapo (polícia secreta do Estado). Hitler eliminou sumariamente todos partidos políticos, os sindicatos, suprimiu o direito de greve, os jornais opositores e eliminou membros do próprio nazismo, na chamada Noite dos Longos Punhais, quando vários lideres da SA, que divergiam sobre o poder absoluto de Hitler, foram mortos. Cerca de setenta líderes e cinco mil outros nazistas foram mortos por soldados do exército, pela SS e pela Gestapo, consolidando a liderança de Hitler. Em 21 de março de 1933, Hitler proclamou a criação do Terceiro Reich e, com a morte do presidente Hindenburg em agosto de 1934, adotou oficialmente o título de Führer.
Os nazistas usaram a propaganda como arma a seu favor, o que levou quase toda a população a dar apoio aos grandiosos planos do Führer. A campanha racista uniu a população alemã levando-a a se identificar com a proposta nazista que propunha a purificação racial por meio do extermínio dos judeus. A denominada “solução final” multiplicou os campos de concentração, levando ao holocausto, com a morte de milhões de judeus e comunistas. Toda a sociedade foi envolvida no programa nazista: das crianças aos adultos, nas escolas e instituições, todos eram induzidos a filiar-se à juventude hitlerista ou ao Partido Nazista.
Enquanto a juventude e as crianças aprendiam as lições nas escolas e nas universidades os valores do “novo homem”, nos campos de concentração milhares de pessoas eram mortas através das câmaras de gás, dos fornos de alta temperatura, fuziladas ou por inanição. Milhares de anônimos morreram nessas condições, mas também outros famosos tiveram o mesmo destino. Podemos citar, como exemplo, o historiador francês Marc Bloch que foi fuzilado por ter lutado na resistência contra a invasão alemã à França e por ser filho de judeu. Também é bastante conhecida de todos nós a história de Olga, a mulher de Luiz Carlos Prestes, entregue como um presente à Hitler pelo então presidente do Brasil Getúlio Vargas. Olga morreu em Auschwitz e deixou importantes cartas sobre o horror de viver nos campos de concentração.
A nazificação alemã completou-se com o armamentismo e o total militarismo, reativando a indústria bélica e o desenvolvimento econômico. A militarização do Terceiro Reich visava á expansão territorial, á conquista do espaço vital, que foi feita à custa de seus vizinhos: Áustria, Tchecoslováquia e Polônia, forjando o estopim da Segunda Guerra Mundial.
Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Com os nazifascistas no poder, na Itália e na Alemanha, a política internacional foi pouco a pouco se configurando e tornando-se conflituosa, pois as pequenas nações sentiram-se lesadas em seus direitos territoriais e políticos, ficando vulneráveis aos ataques dos Estados mais fortes do continente europeu.
No Pacífico também as tensões começaram a aflorar. O Japão, utilizando-se de um militarismo ultranacionalista e descontente com a sua limitada posição internacional, invadiu a Manchúria em 1931. Na Europa, em 1935, foi a vez de a Itália invadir a Etiópia e a guerra, assim, caminhava também para o continente africano. Por sua vez, a Alemanha, desobedecendo às decisões do Tratado de Versalhes, reincorporou o Sarre, em 1935, restabelecendo o serviço militar obrigatório e, em 1936, ocupou militarmente a Renânia (zona da fronteira francesa desmilitarizada pelo Tratado de Versalhes). O gatilho estava prestes a disparar, seria apenas questão de tempo.
Visando evitar confrontos militares, muitas nações europeias assistiam a esses episódios cautelosamente e ficaram temporariamente neutras. Assim, a cada nova agressão expansionista dos Estados totalitários, confirmava-se a falência da Liga das Nações e da paz internacional administrada por ela.
Antes mesmo da eclosão do conflito generalizado, A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) deu a Hitler e a Mussolini (associados ao militar golpista espanhol Francisco Franco) as condições para testar seus novos armamentos e acabar com a Nova República Socialista Espanhola. Esse conflito teve como consequência a morte de mais de um milhão de pessoas (em sua maioria, comunistas) e consolidou a aliança Hitler-Mussolini, chamado de Eixo Berlim-Roma.
É importante ressaltar que esse acontecimento na Espanha ficou conhecido como o Ensaio Geral para a Segunda Guerra Mundial e marcou a omissão da União Soviética em relação aos comunistas que lutaram heroicamente contra as forças de franco sem nenhum apoio dos soviéticos. A política de isolamento da URSS custaria caro àquela nação, pois ela não ficaria imune das agressões e da ira dos países do Eixo. O momento certo de atacá-la seria planejado cuidadosamente por Hitler e seus generais.
O Japão, pouco depois, se aliou aos alemães e aos italianos, já que a expansão japonesa na Ásia entrou em conflito com a União Soviética e outros países imperialistas ocidentais. Formou-se então o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Os três países assinaram o Pacto Antikomintern, unidade para combater a expansão do comunismo internacional. Tal pacto incluía, dentre outras coisas, a eliminação sumária de comunistas em todo o mundo.
A primeira manifestação significativa da expansão nazista ocorreu na Áustria, onde os alemães penetraram progressivamente, desde 1934, até sua anexação ao Terceiro Reich. Sob o pretexto de união germânica, o Führer efetivou o Anschluss (união alemã-autríaca). A meta seguinte era a Tchecoslováquia, sob o pretexto de que a região sul desse país (os Sudetos), contava com uma população predominantemente alemã. Inglaterra, França, aliados na Primeira Guerra e responsáveis pela criação da Tchecoslováquia, alegando evitar um confronto, reuniram-se com Hitler e Mussolini. Na Conferência de Munique, a França e a Inglaterra cederam o território de Sudetos aos nazistas (ampliando o território alemão para o leste), com o compromisso de os alemães não realizarem qualquer expansão sem o consentimento franco-britânico.
No entanto, para desencanto dos países adversários de outrora, Hitler cobiçava conquistar o corredor polonês, a faixa de terra tirada da Alemanha pelo Tratado de Versalhes, que incluía o porto de Dantzig, área que dava a Polônia a saída para o mar Báltico.
Receosos das intenções nazistas, Inglaterra e França resolveram dar apoio e garantias ao governo polonês contra possíveis agressões estrangeiras, obtendo, ao mesmo tempo, a promessa da Alemanha de respeitar as fronteiras com a Polônia.
Tendo obtido a passividade das potências europeias ocidentais e diante do clima de desconfiança em relação á União Soviética, que se via isolada dentro dos sistemas de alianças do continente, Hitler aproximou-se de Stálin, estabelecendo, em 1939, o Pacto Germano-Soviético de não agressão e neutralidade por dez anos. Garantindo a neutralidade soviética na possibilidade de um conflito internacional, o pacto representou o lance final nazista em sua agressiva política expansionista. Por meio dele a Alemanha firmava o compromisso de não-agressão aos soviéticos, permitindo a este a anexação dos estados bálticos (Finlândia) e de parte da Polônia Oriental, enquanto Hitler, em troca, poderia anexar Dantzig. O pacto priorizou interesses expansionistas de ambos os lados, relegando a segundo plano diferenças ideológicas, políticas e sociais entre o nazismo e o “socialismo soviético”.
O Início da Segunda Guerra Mundial
Em 1° de setembro de 1939, Hitler deu continuidade ao seu jogo expansionista, invadindo a Polônia. Inglaterra e França, de acordo com os compromissos públicos assumidos, não tendo alternativa, reagiram, iniciando-se, dessa maneira, a Segunda Guerra Mundial.
A eclosão da guerra
Durante o ano de 1939, conhecido como ano da “guerra de mentira”, não ocorreram grandes batalhas, pois os países ainda se preparavam para a guerra. Em abril de 1940, Hitler iniciou uma guerra relâmpago, na qual se constituiu em ataques maciços e rápidos com o uso de carros blindados, aviões e de navios de guerra. A intenção era eliminar os seus principais adversários rapidamente de modo a não permitir qualquer tipo de reação dos mesmos.
Os nazistas ocuparam rapidamente a Dinamarca, a Noruega e a Holanda. O avanço nazista alcançou a França, ocupando Paris em 1940. O primeiro-ministro francês, Marechal Pétain, assinou a rendição na cidade de Vichy, embora a parte sul do país permanecesse resistindo ás forças alemãs. Dominado o continente, Hitler dirigiu-se contra a Inglaterra, iniciando um novo período da guerra. Contra essa nação as coisas eram muito mais difíceis, pois se tratava de uma ilha e, por via marítima, era quase impossível derrotar as forças britânicas. A alternativa utilizada pelos alemães foi bombardear, através dos seus caças, noite e dia, a Inglaterra sem trégua, enquanto os ingleses respondiam como podiam.
Enquanto os alemães travavam a batalha contra a Inglaterra, os Italianos atacavam o norte africano, tentando tomar o canal de Suez, a fim de romper as ligações da Inglaterra com suas colônias. Italianos e alemães atacaram também a Grécia, a Bulgária, a Iugoslávia e toda a região balcânica. Os historiadores costumam ironizar a incompetência de Mussolini enquanto estrategista militar, pois o mesmo não foi capaz de conquistar a Grécia sozinho, necessitando de forte apoio das forças alemães para ocupar aquele pequeno e impotente país.
Com a intenção de obter minérios, cereais e petróleo, fundamentais aos seus planos bélicos, em junho de 1941, Hitler, traindo o pacto de não agressão de 1939 e sem declaração de guerra, marchou para a União Soviética. Em um ataque surpresa, foram acionados canhões alemães nas fronteiras efetuando ataques aéreos sobre os aeroportos soviéticos próximos, enquanto era aberto caminho, por terra, para o exército alemão marchar rumo a Moscou. Essa intervenção bélica ficou conhecida como Operação Barbarossa. 
Cumprindo com as determinações da central de inteligência, os generais nazistas contaram com uma rápida vitória sobre os soviéticos, pois havia um exército alemão de três milhões de soldados, na fronteira russa, pronto para a conquista.
De fato, inicialmente o exército soviético pouco pôde fazer para deter o avanço dos alemães. Mas Hitler não contava com o grande número de soldados russos, nem avaliaria o seu vasto território e a resistência das tropas e da população. O sucesso dos primeiros meses levou os nazistas até os subúrbios de Moscou, a capital soviética, mas no final de 1941, os alemães passaram a experimentar duras e decisivas derrotas.
Um fato curioso:
Um aspecto importante e singular dessa operação é que Hitler havia declarado para os seus generais que, diferentemente das outras anexações, em território soviético eles não poupassem vidas, em claro sinal do desprezo e raiva que o Führer possuía em relação aos comunistas.
Desde março de 1941, os Estados Unidos haviam assumido posição contrária ao Eixo, ajudando materialmente a Inglaterra e a França. Em agosto, o presidente morte-americano Franklin Roosevelt assinou com o primeiro-ministro inglês Churchill a Carta do Atlântico, selando a solidariedade entre Inglaterra e Estados Unidos. Essa declaração, baseada em princípios liberais e a liberdade de navegação em águas internacionais, o respeito à autonomia e às fronteiras políticas, contrariava a política expansionista nazifascista.
No Pacífico, desde a invasão da China, a tensão entre Estados Unidos e Japão crescia, aumentando fortemente após o ataque japonês sobre a Indochina. Em dezembro de 1941, os japoneses, ambicionando a plena hegemonia no Pacífico oriental e dando seguimento ao seu expansionismo, atacaram Pearl Harbor, a maior base naval norte-americana no Pacífico sul, precipitando a entrada dos Estados Unidos na Guerra.
O ataque japonês a Pearl Harbor aconteceu na manhã de sete de dezembro, enquanto diplomatas japoneses e norte-americanos discutiam em Washington a retirada do Japão da Indochina e a normalização de suas relações no Pacífico. O ataque destruiu grande parte da frota americana e deu aos japoneses a posição bélica ofensiva, enquanto os norte-americanos buscavam recompor suas forças. Mesmo assim, no dia seguinte, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão, oficializando o confronto no Pacífico.
Até o início de 1942, Alemanha, Itália e Japão dominaram a guerra, executando uma contínua expansão e conquistando gigantescas e estratégicas regiões da Europa, África e Ásia. Mas, a partir de então, iniciou-se a derrocada do Eixo, pondo fim á expansão totalitária. Nesse particular é importante salientar o papel preponderante exercido pelo exército vermelho soviético, o maior responsável pela derrota das forças nazistas. Além de terem sido os grandes responsáveis pela derrota dos alemães, os soviéticos foram os mais sacrificados, pois terminado a guerra, as perdas humanas contabilizadas naquele país superaram a de todos os demais envolvidos no conflito.
O Fim da guerra
Na União Soviética, durante a batalha de Stalingrado, Hitler tentava vencer definitivamente os soviéticos. Mas, ao fim de alguns meses de acirrada luta, a ofensiva nazista foi completamente destruída, neutralizando o poderio alemão no leste.
No Oriente, os japoneses foram batidos nas batalhas do mar de Coral e de Midway, a primeira grande derrota da marinha japonesa. Enquanto isso, os Estados Unidos restabeleciam seu equilíbrio bélico e assumiam a ofensiva.
Ao mesmo tempo, os Aliados iniciaram o avanço no norte da África, e em 1943, um exército anglo-americano derrotou, no Egito, os alemães e italianos na batalha de El Alamein. Essa vitória deu aos Aliados controle do Mediterrâneo e possibilitou o desembarque na Itália, abrindo uma frente de avanço sobre a Alemanha. Em setembro de 1943, depois de o rei italiano demitir o Primeiro Ministro Mussolini, a Itália se rendeu e, no mês seguinte declarou guerra a Alemanha. A luta na península contra os alemães e fascistas locais duraria até o final da guerra. 
Uma frente aliada desembarcou na Normandia, norte da França, no dia 6 de junho de 1944, o chamado "Dia D". A operação tinha por objetivo eliminar as forças alemãs estacionadas no norte da Europa, denominadas Muralha do Atlântico, avançar pelo continente e apertar o cerco contra o Terceiro Reich.
Pouco depois, em agosto de 1944, Paris era libertada. Enquanto isso, os aliados conduziam seus exércitos na direção da Alemanha, o centro do Eixo. O Exército Vermelho soviético foi o primeiro a chegar a Berlim, dando o golpe final sobre o Terceiro Reich.
Poucos dias antes da rendição final (8 de maio), Mussolini e Hitler morreram em circunstâncias dramáticas. Mussolini, depois de caçado por populares, foi preso, fuzilado e pendurado em uma Praça de Milão em 28 de abril. Hitler cometeu suicídio com um tiro de pistola na cabeça, em 30 de abril.
No oriente, a luta continuou por mais de dois meses. Os Estados Unidos avançaram progressivamente, cercando o Japão. Em 6 de agosto de 1945, já dominando o conflito no Pacífico, mas sob o pretexto de abreviar a guerra, os norte-americanos utilizaram o seu mais novo e poderoso recurso bélico:lançaram uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima e, três dias depois, outra sobre Nagasáqui. A rendição incondicional do Japão foi obtida em 19 de agosto, oficializando o final da guerra.
Os acordos de paz
O primeiro acordo de paz ocorreu no início da ofensiva aliada e da derrocada do Eixo. Foi a Conferência de Teerã, no Irã, em novembro de 1943, que reuniu pela primeira vez os três grandes estadistas da época: Stalin, Churchill e Roosevelt. Na Conferência, as forças anglo-americanas interviriam na França, completando o cerco de pressão à Alemanha, juntamente com o leste russo, o que se concretizou com o desembarque dos aliados na Normandia.
Na conferência, decidiu-se também sobre a divisão da Alemanha e as fronteiras da Polônia ao chegar o fim da guerra, além de formularem propostas de paz com a colaboração de todas as nações. Estados Unidos e Inglaterra reconheceram a fronteira soviética no Ocidente, com a anexação da Lituânia, da Letônia, da Estônia e do leste da polônia. Em fevereiro de 1945, com a guerra preste a acabar na Europa e o Japão recuando, deu-se a Conferência de Yalta, às margens do mar Negro, na Criméia russa.
Stalin, Churchill e Roosevelt discutiram a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em bases diferentes das da Liga das Nações, e definiram a partilha mundial, deixando para a União Soviética o predomínio sobre a Europa oriental, incorporando os territórios alemães a leste e definindo a participação da URSS na rendição do Japão, com a divisão da Coréia em áreas de influência soviética e norte-americana. Separava-se o mundo capitalista do socialista. Era o começo de uma era que ficaria marcada como Guerra-fria.
A Guerra Fria
Nos quadros da geopolítica internacional, a oposição entre os blocos socialista e capitalista foi levada ao extremo após 1945, promovendo uma bipolarização política, ideológica e militar que afetou todo o mundo contemporâneo. 
Dito de uma maneira mais objetiva, o mundo foi literalmente dividido ao meio e as duas superpotências daquela época reinaram soberanamente nos cinco continentes do globo. Cada potência buscou, nesse período, estabelecer as suas zonas de influência e impor uma política imperialista, submetendo milhões de pessoas à sua órbita de controle, muitas vezes por meio da força pura e simples.
Os conflitos ocorridos durante a Guerra Fria ocorreram em vários pontos do mundo, deixando claro que as relações internacionais estavam, naquele momento, submetidas aos interesses norte-americanos e soviéticos. Sem constituir um período homogêneo, devido à distensão entre os polos rivais, a Guerra Fria durou até o fim da União Soviética, em 1991. No curso dos seus quase cinquenta anos, as potências investiram no aperfeiçoamento de armas de destruição em massa, construíram bombas nucleares capazes de destruir o mundo mais de cinquenta vezes, planejaram habitar outros planetas, conheceram a Lua e promoveram a expansão da miséria por meio da política imperialista. 
No dia 12 de março de 1947, o presidente norte-americano, Harry Truman, ao discursar no Congresso Nacional, afirmou que os Estados Unidos se posicionariam a favor das nações livres que desejassem resistir às tentativas da dominação dos comunistas. A meta de Truman era combater a expansão do comunismo e a influência soviética, oficializando naquele instante a Guerra Fria. No mesmo ano, o secretário de Estado, George Marshall, reforçou a posição norte-americana ao lançar o Plano Marshall, um programa de investimentos e de recuperação econômica para os países europeus em crise após a Segunda Guerra Mundial. Em resposta, a União Soviética criou o Kominform, organismo encarregado de promover a união dos principais partidos comunistas europeus, além de afastar da supremacia norte-americana os países sob sua influência, gerando o bloco que ficou conhecido como a “cortina de ferro”. Complementando a reação soviética, em 1949 foi criado o Comecon, uma réplica do Plano Marshall para os países socialistas, buscando sua integração e ajuda econômico.
Ao lado da disputa pela hegemonia econômica mundial, os blocos opostos corriam para se armar contra o inimigo. A União Soviética adquiriu a bomba atômica em 1949 e a bomba de hidrogênio em 1953. Não se pode afirmar se a União Soviética e os Estados Unidos pretendiam usar armas nucleares contra outros países: os EUA na Coréia em 1951(Guerra da Coréia- 1950 a 1953), e, para salvar os franceses, no Vietnã em 1954; a URSS contra a China em 1969. As armas nucleares não foram usadas, mas ambos usaram a ameaça nuclear, quase com certeza sem a intenção de cumpri-la, em algumas ocasiões: os Estados Unidos buscaram acelerar as negociações de paz na Coréia e no Vietnã, e a União Soviética para forçar a Grã-Bretanha e a França retirar-se de Suez em 1956. 
Na prática nunca houve uma ameaça de uma guerra total nuclear. Salvo nos episódios acima narrados e durante a crise dos mísseis instalados em Cuba e apontados para os Estados Unidos, nunca houve de fato uma concreta ameaça de explosão nuclear. Isso se explica, dentre outras razões, pelo fato de Estados Unidos e a União Soviética sempre acordarem secretamente nos processos de intervenção em suas áreas de influência; ou seja, sempre que uma das potências invadia um território, era respaldado pela outra potência. É lógico que algumas exceções existiram como foi o caso de Cuba, do Afeganistão, da Coréia e do Vietnã. Mas esses acontecimentos jamais se constituíram em motivos suficientemente fortes para a eclosão de um cataclisma nuclear. 
Diante das novas forças da Alemanha Ocidental, devido aos investimentos do Plano Marshall e à unificação administrativa, a União Soviética revidou, em 1948, impondo o bloqueio terrestre a cidade de Berlim Socialista. O ocidente capitalista respondeu com o abastecimento da Berlim capitalista por via aérea, acirrando os ânimos e criando grande tensão internacional. No ano seguinte foram instituídas as duas Alemanhas: a ocidental- República Federal da Alemanha, e a oriental- República Democrática Alemã.
Em agosto de 1961, foi construído o Muro de Berlim, que separou, concretamente, os dois lados da cidade e se tornou símbolo da separação alemã e da Guerra Fria. A derrubada do muro em 1989, em meio ao colapso do socialismo real, por sua vez, foi o marco do final do período da Guerra Fria. À sua queda, em seguida, deu-se na unificação da Alemanha. Outros fatos somaram-se a essa crescente tensão internacional, como a criação, em abril de 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança político-militar dos países ocidentais, composta inicialmente por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Portugal e Itália.
Posteriormente ingressaram Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental, opondo toda a Europa ocidental à União Soviética.
O armamentismo e a tensão crescente entre os blocos capitalistas e socialistas que se estenderam até 1953 e que caracterizavam a Guerra Fria sofreram uma reversão parcial com a morte do ditador Joseph Stálin, com a política do então presidente norte-americano Eisenhower e com a paz de Pan Munjon, na Coréia. Instaurou-se então um período de aproximação entre a União Soviética e os Estados Unidos, conhecido como Coexistência Pacífica. Esse período iniciou-se com uma série de reuniões de cúpula entre os dirigentes das duas superpotências, para limitação de armamentos. Até os anos 60, buscou-se diminuir os atritos da Guerra Fria, o monolitismo dos blocos, o alinhamento férreo à União soviética ou aos Estados Unidos, possibilitando uma multipolarização internacional. 
Em meio à Coexistência Pacífica emergiram vários focos de tensão, colocando em risco a aproximação entre norte-americanos e soviéticos e até mesmo a paz mundial. Dentre tais episódios podemos citar:
A guerra do Vietnã;
O processo de descolonização africana;
A Revolução Cubana em 1959;
A invasão da Hungria pelos soviéticos;
O rompimento entre a União Soviética e a China.
A Coexistência pacífica não pôs, entretanto, fim às rivalidades capitalismo-socialismo, mas abriram canais de entendimento, algumas vezes eficazes, em outras se mostraram ineficientes.
Após as diversas crises do final dos anos 60 que atingiram as relações entre União Soviética e Estados Unidos, o início dos anos 70 foi impulsionado por uma nova reaproximação entre os dois países. A partir de 1972, foram assinados tratados que limitavam o poder bélico, até então crescentes, das duas superpotências. Esses trados receberam o nome de Salt (Strategic Arms Limitation TreaTy - Tratado sobre Limitação de Armas Estratégicas). O primeiro Salt limitou o sistema de mísseis antibalísticos dos Estados Unidos e da União Soviética. Em 1979, foi assinado o Salt-2, no qual estabeleceu uma redução dos mísseis e bombardeios estratégicos.
O efeito da Guerra Fria foi mais importante na política internacional do continente europeu que em sua política interna. Provocou a criação da “Comunidade Europeia”, que inicialmente era formada por seis Estados: França, República Federal da Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo. Enquanto na Europa a diplomacia dos países avançava nas negociações para a formação de um bloco econômico composto por vários países, na Rússia, em agosto de 1991, membros da burocracia conservadora afastaram do poder, por meio de um golpe de Estado, o presidente soviético Gorbatchev. Os golpistas visavam impedir as mudanças propostas no quadro político-econômico em curso na a União Soviética, as quais ameaçavam o colapso econômico e uma guerra civil. Bóris Yeltsin, presidente da principal república soviética, a Rússia, e líder dos ultra-perestroikistas, convocou uma greve geral e obteve o apoio de milhares de civis e militares que, estabelecidos em frente ao Parlamento Russo, derrotaram os golpistas e reafirmaram a legitimidade do governo Gorbachev. 
Tal foi o prestigio obtido por Yeltsin pela vitória contra o golpe, que ele se transformou no principal líder político soviético, sobrepondo-se mesmo à Gorbatchev que, ao voltar ao poder, se viu obrigado a renunciar ao cargo de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e dissolver o partido, então acusado de ligações com os golpistas, ficando apenas com o enfraquecido cargo de presidente da União Soviética.
O golpe final contra Gorbatchev deu-se em dezembro de 1991, quando a Rússia de Yeltsin, juntamente com a Ucrânia e a Bielo-Rússia assinaram o Acordo de Minsk (capital de Bielarus), proclamando o fim da União Soviética e a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI) que, pouco depois, obteve a adesão de outras ex-repúblicas da União Soviética. Dias depois, em 25 de dezembro, do mesmo ano, Gorbatchev renunciava ao cargo de presidente da União das Repúblicas Socialista Soviéticas, país que, então, já não existia. Enquanto a Europa buscava o fortalecimento político e econômico por meio da criação de um bloco sólido, a antiga URSS se fragmentava e dava origem a uma série de Repúblicas independentes, muitas das quais eram resultados dos sentimentos e das identidades étnicas e religiosas, as quais foram violentamente silenciadas, por décadas, pela repressão do imperialismo russo
Curiosidade:
Após a queda do Império Soviético uma sucessão de crises de abastecimento, desestruturação do estado e a completa falta de organização no sistema de abastecimento levaram ao aprofundamento do estado de miséria e desespero de milhares de famílias que se amontoavam nas filas dos armazéns na busca de leite, pão e outros víveres necessários para a sua sobrevivência.
Após o colapso da União Soviética em 1991, conflitos eclodiram em diversas partes do antigo império. Dentre as razões mais complicadas foram as disputas em torno de quem ficaria com os armamentos nucleares espalhados por todo o território soviético. Como a antiga União Soviética havia espalhado bases para lançamento de mísseis de médio e longo alcance nessas regiões, além de tornar diversas Repúblicas em portos para atracamento de navios e submarinos.

Comentários