Literatura: Romantismo


O Romantismo origina-se no século XVIII, na Alemanha, o marco inicial do romantismo na Europa foi a publicação do romance “Os sofrimentos do jovem Werther”, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe no ano de 1774, de onde se espalha para os demais países da Europa.
O movimento romântico surgiu como oposição ao espírito racional dos clássicos (equilíbrio, perfeição, clareza, harmonia, disciplina) e como meio de expressão da burguesia, que define o seu poder com o sucesso político da Revolução Francesa e com o prestígio econômico da Revolução Industrial. Expressando o anseio de liberdade dessa nova classe, a literatura romântica baseia-se na imaginação e no sentimentalismo, que desrespeitam as normas e os modelos de literatura clássica.
O Romantismo transpirava rebeldia e gosto pela liberdade, foi uma fase voltada para os assuntos contemporâneos e para o cotidiano do homem burguês do século XIX. Esse valorizava o homem emotivo, intuitivo e psicológico, e por isso desprezava o racionalismo dos iluministas.

O Romantismo apresenta as seguintes características:
- Individualismo: O homem burguês deu livre expressão a seus sentimentos e emoções mais íntimos.
- Feição anticlássica: A estética romântica proclamou a liberdade individual do artista, valorizando os aspectos dionisíacos, em oposição aos aspectos valorizados pelos iluministas (apolínicos).
- Fuga da realidade: A insatisfação com o mundo leva o romântico a fugir da realidade, expressando suas obras de várias maneiras: fuga para a natureza, fuga para o passado, fuga para o interior de si mesmo, fuga para o lado noturno de vida, para o misticismo, o sobrenatural, o sonho, a loucura ou a própria morte.
- Nacionalismo: O nacionalismo romântico floresce, e propaga a ideia de que cada povo é único e criativo.

O Romantismo é dividido em três fases: Primeira Geração (Indianismo\Medievalismo), Segunda Geração (Ultrarromantismo\Byronismo) e Terceira Geração (Condoreirismo).
A primeira fase dá destaque ao nacionalismo e ao índio (símbolo brasileiro), a segunda fase explora o drama humano, investigando o próprio "eu" (é uma fase mais dramática e depressiva) e a terceira fase explora a temática social. 
O início do Romantismo no Brasil é classificado pela chegada da família real, em 1808. É um período de grande e intensa urbanização, porém, teve como marco a publicação do livro de poemas de Domingos José Gonçalves de Magalhães, intitulado "Suspiros poéticos e saudades", em 1836.
Romantismo em Portugal
O Romantismo em Portugal tem como marco inicial a publicação, em 1825, do poema "Camões", escrito por Almeida Garrett. A obra foi escrita durante seu exílio de Garrett em Paris.

Primeira Geração (Indianismo ou Medievalismo)
No século XIX, o Brasil finalmente deixou de ser colônia de Portugal e conquistou a sua independência. Logo após a independência política do Brasil (1822), nasce o Romantismo brasileiro.  Sendo assim, surgiu o desejo de fazer com que a nossa produção literária ficasse, de fato, mais "brasileira", afastando-se da literatura europeia e ganhando características mais próprias, ou seja: ficando mais nacional.
O Romantismo assumiu um significado secundário, de um movimento anticolonialista e antilusitano, de rejeição à literatura produzida na época colonial, aos modelos culturais portugueses. Por isso, a primeira geração romântica tinha a preocupação de garantir uma identidade nacional que nos separasse de Portugal, buscando no passado histórico elementos de origem nacional. Presença do forte espírito patriótico (nacionalismo ufanista). Os primeiros românticos são conhecidos como nativistas.  
Também chamada de geração nacionalista ou indianista, foi marcada pela exaltação à natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação do herói nacional na figura do índio.
Na literatura europeia, os heróis nacionais são belos e valentes cavaleiros medievais. Na brasileira são os índios, igualmente belos, valentes e civilizados.

Segunda Geração (Ultrarromantismo ou Byronismo)
O Ultrarromantismo é a segunda fase do Romantismo e é caracterizado pela influência do poeta britânico George Byron, que aborda temas depressivos e pessimistas, como a morte, a dor, o amor não correspondido, o tédio, a tristeza profunda, o individualismo, o saudosismo, o excesso de sentimentalismo, entre outros. Por isso, essa geração de poetas é conhecida como "Mal do Século". Apresenta egocentrismo irritado, pessimismo, satanismo e atração pela morte e sentimento de inadequação à realidade. No Brasil, seu marco inicial é dado pela publicação da poesia de Álvares de Azevedo.

Terceira Geração (Condoreirismo ou Hugoana)
Condoreirismo foi a terceira fase do Romantismo e tinha como característica a questão social: abolicionismo da escravidão, liberdade, republicanismo.

"Condoreirismo" vem de "condor", uma ave que tem uma visão ampla. Portanto, os escritores do período também agiam como condores, pois tinham uma visão ampla e conseguiam enxergar a realidade social e seus problemas. 

Outra característica é que o amor é realizado: o homem não fica mais idealizando sua musa inatingível (como ocorria antes), não ocorre mais o "amor platônico". Dessa vez, a mulher é algo muito mais real e a poesia é muito mais erótica.
Castro Alves (“Poeta dos Escravos”) é o poeta que mais se destaca. Inspirado nos princípios de Victor Hugo, principalmente pela sua grandiosa criação, Os Miseráveis, ele começa a escrever poemas sobre a escravidão. A grande influencia de Hugo faz com que esse período também seja conhecido como Hugoana.
Essa fase já começa a apresentar alguns elementos de transição para os próximos períodos da Literatura Brasileira: o Realismo e o Naturalismo.
Da necessidade de explorar a selva, o campo e a cidade, surgiram o romance indianista e histórico (por vezes separados um do outro), o romance regional e o romance urbano:
● Romance indianista: uma das principais tendências do Romantismo brasileiro, o indianismo encontrou no nativo brasileiro a sua mais autêntica expressão de nacionalidade. Enquanto o escritor europeu tinha seus cavaleiros medievais, o brasileiro sentiu a necessidade de resgatar em nosso passado um herói que melhor nos retratasse. Mesmo sendo algumas vezes retratado como se fosse um cavaleiro europeu da idade média, a figura do índio surge de forma imponente, com seus costumes e sua vida selvagem, mas cheia de virtudes.
● Romance regional (sertanejo): Mais do que o romance indianista e o romance urbano, o romance regional comprometeu-se com a missão nacionalista de conhecer e retratar os quatro cantos do Brasil. Como não havia um modelo europeu no qual pudessem espelhar-se, os escritores do romance regionalista construíram seus próprios modelos, fato que contribuiu inestimavelmente para a nossa autonomia literária, demonstrava atração pelo pitoresco e tinha como principal característica a retratação da vida no interior do Brasil, seus hábitos, seu modo de falar, etc. Na insistência nacionalista de buscar as raízes de nossa cultura, a figura do sertanejo, com suas crenças e tradições, fez-se tão exótica quanto à do índio.
● Romance urbano: por colocar em discussão os problemas e valores vividos pelo público nas cidades e por retratar a realidade e o cotidiano da burguesia, o romance urbano alcançou imensa popularidade entre os leitores brasileiros. O romance urbano, que retrata, muitas vezes de forma crítica, a vida e os costumes da sociedade no Rio de Janeiro. Os enredos, na maioria das vezes, são recheados de amores platônicos e puros, fruto de uma classe social sem problemas financeiros e na maioria dos casos estereotipada.
● Romance Histórico - tratou-se de uma revalorização do passado, trazendo ao romance, personagens da nossa história, retratando-os de modo nacionalista.

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