Literatura: Trovadorismo




O Trovadorismo foi a primeira escola literária da língua portuguesa, sendo a principal forma de expressão da poesia medieval do século XI até o século XV (provavelmente até 1418). Porém, também se manifestou na música. Essa escola surgiu no sul da França, na região da Provença. Desta forma, muitos também a chamam de poesia provençal. Essa fase teve início com a “Cantiga da Ribeirinha”, que também pode ser chamada de “Cantiga da Garvaia”, escrita por Paio Soares de Taveirós em 1189 (ou 1198). Esses trovadores eram da nobreza e escreviam e cantavam, sendo acompanhados com música. Nessa época, as poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos musicais, daí o nome “cantigas”. Quando um homem não era nobre e escrevia as trovas, ele era chamado de jogral.
O principal autor do trovadorismo foi o Rei D. Dinis que viveu de 1261 a 1325.
Essa produção de poesias medieval portuguesa pode ser agrupada em dois gêneros. São eles:
  • Gênero lírico
  • Gênero satírico
No primeiro, o gênero lírico, o amor é a temática constante. Nas cantigas de amor o homem falava sobre sofrimento, pois amava e não era correspondido.
Já as cantigas de amigo surgiram na Península Ibérica e foram inspiradas pelas cantigas populares, por isso eram mais ricas e variadas, e também eram mais antigas.
As cantigas satíricas tiveram sua origem no povo e tinham o intuito de ridicularizar os costumes e algumas pessoas da época, sendo para momentos de zombaria. Essas cantigas se dividiam em duas categorias, a de escárnio e a de maldizer.


Cantiga de Amor
O cavalheiro dirige-se à mulher amada como uma figura idealizada, distante, porque eles pertencem a diferentes níveis sociais, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em "or" como senhor ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica, amor cortes,  ambientação aristocrática das cortes. Era comum nas cantigas vir a expressão 'coita', que significava sofrimento por amor.


Cantiga de Amigo
Diferente da cantiga de amor, que o sentimento é masculino, a cantiga de amigo é em uma voz de mulher, por mais que seja de autoria masculina, pois naquele tempo as mulheres não poderiam ser alfabetizadas. Nestas cantigas, a temática eram as mulheres que sentiam saudades de seus amados, pois eles foram separados por causa de guerras ou viagens (como as Cruzadas). O eu lírico contava com um confidente para dividir seus sentimentos, e este confidente era representado pela mãe, amiga ou elementos da natureza, nunca se confessando ao amado.
O assunto principal é a saudades. É um amor natural, espontâneo e possível. O ambiente descrito nas Cantigas de Amigo não é mais a corte e, sim, a zona rural. Originárias da Península Ibérica constituem a manifestação mais antiga e original do lirismo português. No que se refere aos aspectos formais, apresentam uma linguagem e estrutura mais simples quando comparada às cantigas de amor. Muitas apresentam diálogos. Troca-se a refinada corte por ambientes campesinos, nos quais a mulher ocupa uma posição de camponesa. 


Cantiga de Escárnio
Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os trovadores chamavam "equívoco". Há uma presença forte de ironia.
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização.


Cantiga de Maldizer
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavras de baixo calão. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado, embora seja mais comum dizê-lo. Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena. 

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