Movimento dos Países Não Alinhados


Os "Países Não Alinhados" eram na sua maioria países recém-independente. Este grupo era formado por 29 países afro-asiáticos, abrangendo mais de metade da população mundial. O objetivo era promoção da cooperação económica e cultural, como forma de oposição ao chamado colonialismo ou neocolonialismo. A origem oficial desse movimento remota à 1955, onde reuniram-se na Conferência de Bandung, Indonesia, para debater preocupações comuns e as relações internacionais. Condenaram o colonialismo e reafirmaram os princípios das Nações Unidas, conhecidos como os Dez Princípios de Bandung, Tais princípios foram adotados posteriormente como os principais fins e objetivos da política de não-alinhamento e os critérios centrais para pertencer ao Movimento:

1. Respeito aos direitos fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas
2. Respeito à integridade territorial e soberania de todas as nações.
3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações.
4. Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país, auto-determinação dos povos.
5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta das Nações Unidas.
6. Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir os interesses particulares das superpotências.
7. Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.
8. Solução dos conflitos internacionais por meios pacíficos, negociações, conciliações a arbitragens por tribunais internacionais, de acordo com a Carta da ONU.
9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
10. Respeito pela justiça e obrigações internacionais.

Declararam que o racismo, imperialismo e o colonialismo, eram crimes contra a humanidade, e pediram responsabilidades aos países imperialistas para reconstruir os estragos por eles feito nos seus países. Em oposição ao conceito do conflito, leste-oeste, nesta conferência surgiu o conceito Norte-Sul, mundo dividido entre os países ricos e industrializados e os países pobres exportadores de produtos primários.
Na segunda conferência realizada em Belgrado, capital da Jugoslávia, em 1961, foi usado pela primeira vez o termo “Países Não-Alinhados”. Apesar da sua unidade ideologia, tiveram divergências e mesmo conflitos. Na prática esta neutralidade era aparente porque estes países ora se encostavam ao bloco soviético ora ao bloco capitalista, conforme as conveniências econômicas e políticas de cada um, sobretudo por motivos da sua difícil situação económica. Estas tensões favoreciam os interesses dos E.U.A, da União Soviética e da China, como grandes potências. Um dos temas desta 2ª conferência foi a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética. Da América Latina, apenas Cuba participu como membro. Esse bloco de países deu origem ainda ao termo Terceiro Mundo, que passaria a caracterizar também os países da América Latina.
Além do distanciamento das duas superpotências, tais países buscaram criar um bloco de países de âmbito global com o interesse de encontrar caminhos para o desenvolvimento econômico, de forma a superar as imensas desigualdades sociais existentes entre a população. O "Movimento dos Países Não Alinhados" até tentou ter um exército unificado, mas por possuírem países com tendências extremamente opostas, não teve prosseguimento essa proposta.

Um das consequências dessa iniciativa foi o fato de a Organização das Nações Unidas (ONU) passar a exercer uma maior pressão sobre as antigas potências econômicas europeias e os EUA, no sentido de garantir o reconhecimento da autonomia dos países afro-asiáticos. Essas medidas garantiram aos Países Não Alinhados uma popularidade considerável durante as décadas de 60 e 70. Entretanto, sua importância diminuiu a partir do momento em que o bloco soviético foi se desmanchando, no final da década de 1980.

Acabada a guerra fria com a queda da União Soviética, estes países tem agora como objetivo criar uma aliança contra a hegemnia dos EUA no mundo e já são formados de 116 membros. Os seus membros representam 55% da população do planeta e quase dois terços dos países-membros da ONU. É o maior grupo de países depois da ONU.

Nos anos seguintes, aumentaram os esforços de autonomia dos países do Terceiro Mundo e eles aderiram, na sua maior parte, ao Movimento dos Não Alinhados. Mas surgiam cada vez mais querelas entre as nações participantes. Empalidecia, assim, o conceito de uma solidariedade afroasiática. A almejada neutralidade dos países não pôde ser mantida a longo prazo, em face da sua difícil situação econômica. Isso se agravava ainda pelo atraso de desenvolvimento dos países recém-independentes.
Além disso, existiam inimizades entre muitos dos países não alinhados, por exemplo, entre o Irã e o Iraque. Essas tensões internacionais favoreceram a posição das grandes potências – EUA e União Soviética, mas também da China. As premissas de 1955 e de 1961 perderam força, tornou-se cada vez mais difícil encontrar posições comuns, fosse na política exterior, fosse nas situações de crise.
Com o fim da Guerra Fria e a extinção da União Soviética, em 1991, o conceito político da "neutralidade" como princípio comum de ação deixou de ter significado.

Frequentemente, esses países se pronunciam sobre temas candentes da política internacional, como por exemplo, contra o antigo bloqueio estadunidense a Cuba. O Movimento também exige a reforma das organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Conselho de Segurança das Nações Unidas.  

O Brasil, embora não sendo membro, sempre acompanhou os trabalhos do Movimento na qualidade de observador.

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